Quando se fala do custo da gasolina em Blumenau, alguns postos parecem estar na contramão dos aumentos registrados desde os últimos meses do ano passado. Conforme o relatório semanal de preços divulgado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor mais baixo registrado entre 7 e 13 de janeiro foi de R$ 3,59 em pelo menos quatro postos da cidade. A queda chama a atenção principalmente porque ocorreu na semana em que a Petrobras anunciou alta, de 1,4% na gasolina e 0,7% no diesel.

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O valor médio na cidade, segundo levantamento da ANP, é de R$ 3,83, enquanto o preço máximo encontrado foi de R$ 3,99. Desde que a estatal mudou a política de atualização de preços, em julho do ano passado, o combustível teve 115 aumentos e uma elevação média de 25% nos preços.

O custo menor nas revendas alivia o bolso do consumidor, porém, a medida não deve ser permanente, já que a baixa é resultado de promoções das distribuidoras. Gerente de um dos postos com a gasolina mais barata, Murilo Tiefensee explica que só tem sido possível vender o combustível a R$ 3,59 graças ao fornecedor.

– É ação de vendas. A distribuidora fez um preço diferenciado e nós fizemos o repasse para o cliente. Mas com certeza vai voltar (a subir), a gente só não tem perspectiva de quando deve acontecer – afirma.

Sócia-gerente de outro posto que tem oferecido valores mais baixos aos consumidores em Blumenau, Carmen Delling explica que vários estabelecimentos de uma mesma bandeira estão deixando os preços mais baixos por conta de uma ação da própria distribuidora, que está fornecendo o combustível a um valor reduzido justamente para alavancar as vendas. Com isso, diz Delling, a margem de lucro do estabelecimento está menor:

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– Se tem preço vende, se não tem, não vende. É assim. Por enquanto a gente está conseguindo manter esse valor, mas todo dia pode mudar.

Além das promoções de distribuidoras, outros fatores influenciam a redução. O economista da Furb Jamis Piazza explica que Blumenau tem várias redes concentradas com um número grande de postos, o que resulta em maior poder de barganha aos proprietários. Outro fator é a quantidade disponível em estoque de cada revenda:

– Ele (o dono do posto) pode ter uma grande concentração de combustível e quer desovar esse determinado volume. Isso não acontece só em Blumenau, é comum também na região de Joinville e Jaraguá do Sul.

Preços devem subir em breve

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Blumenau (Sinpeb), Júlio César Zimmermann, essa queda é pontual e não representa o momento do mercado deste combustível na cidade. Ele detalha que o preço médio de compra da gasolina para os donos de postos está na faixa dos R$ 3,69 e que, mesmo sendo otimista ao acreditar que o valor possa estabilizar ao longo deste ano, em breve a barreira dos R$ 4 será rompida na cidade.

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– Outras regiões do Brasil já ultrapassaram isso há mais tempo, tem gasolina vendida a R$ 4,20, R$ 4,30. Se formos comparar, um dos preços mais baratos ainda está aqui, mas com essa tendência de aumentos deve superar logo – avalia o dirigente.

Mesmo que passageiras, as promoções têm, por ora, beneficiado os motoristas blumenauenses. Em Joinville o valor médio da gasolina, segundo o último levantamento da ANP, é de R$ 3,83, sendo o mínimo R$ 3,73 e o máximo R$ 3,99. Já em Florianópolis a alta é maior. O preço mais baixo encontrado pela pesquisa foi R$ 3,89, enquanto o mais alto chegou a R$ 4,35. A média na Capital ficou em R$ 4,18. De qualquer forma, a tendência é que logo as bombas serão reajustadas para mais, por conta da fórmula adotada pela Petrobras para regular o valor do combustível, que desde o ano passado acompanha o mercado internacional.

– Vai mudar porque a variação é pela cotação do barril de petróleo, então pode aumentar, mas também pode diminuir, depende da oscilação do mercado, mas não é mais aquela política de segurar (o reajuste) por três ou quatro meses, é uma variação cambial – esclarece Piazza.

Para reduzir o impacto, a dica de é economizar, o que se torna complexo quando se trata de combustível, já que o insumo afeta tanto quem é proprietário de veículo como quem depende de transporte coletivo, por exemplo. A sugestão do economista é sempre avaliar o custo-benefício entre alternativas diferentes – carro, moto e ônibus – e até lançar mão de recursos, como a carona com revezamento entre veículos de quem compartilha o transporte.

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(Colaborou Jean Laurindo)