Fazer com que as estruturas dos hospitais gerem receita, aumentar o horário escolar e desburocratizar a implantação e permanência de empresas em Blumenau. Essas são algumas das propostas de João Paulo Kleinübing (DEM), candidato a prefeito da cidade. Ele disputa com Mario Hildebrandt (Podemos), o segundo turno das Eleições 2020.

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Kleinübing, que já comandou a cidade por oito anos, acredita que é necessário rever o modelo da concessão dos ônibus — hoje o transporte público é operado pela empresa Blumob. Quando questionado sobre lazer, construir parques maiores que atendam toda uma região em vez de pequenos parques por bairros é uma das ações que ele gostaria de colocar em prática caso eleito.

Veja o que diz Kleiübing sobre temas questionados pela reportagem.

Saúde

No início deste ano, o Hospital Santo Antônio confirmou ter um prejuízo mensal de R$ 1 milhão, situação tratada dentro da unidade como “preocupante”. O que o(a) senhor(a) vai fazer para amenizar o déficit enfrentado por um dos principais hospitais do Vale do Itajaí?

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Parte da solução está no governo do Estado, na revisão do pagamento dos procedimentos, especialmente os de média complexidade. Com relação aos hospitais, é o tempo da gente discutir o pronto-atendimento junto com a emergência. Blumenau precisa ter dois centros de pronto-atendimento separados. Isso ajudaria a organizar o serviço. Poderíamos usar um na Região Central, e outro no Norte da cidade. Outra ação é usar as estruturas dos hospitais e gerar receita a um preço justo. Na pandemia, tivemos represamento de procedimentos que terão de ser feitos no ano que vem. Estendendo o horário de atendimento dos hospitais, no horário noturno, isso ajudaria a gerar receitas.

A estrutura do Hospital da Furb é subaproveitada? O senhor pretende, de alguma forma, utilizar o espaço tanto para a capacitação de estudantes quanto para ampliar o atendimento à comunidade?

Aquela estrutura tem que ser o pronto-atendimento da região Norte, agregando serviço, atendendo 24 horas e organizando o serviço dos ambulatórios gerais. Entendo que essa é a primeira utilização, imediata, do hospital universitário da Furb, que está subutilizada e pode contribuir muito mais para a saúde do município. É viável, nós temos que repensar o funcionamento dos ambulatórios em função da baixa resolutividade que essas estruturas têm hoje. É rever qual o papel dos ambulatórios no sistema de saúde do município.

Educação

O resultado das escolas de Blumenau no Ideb piorou em 2019 em relação a 2017. Qual a proposta do(a) senhor(a) para melhorar esses índices novamente na cidade?

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Ampliar o horário escolar e capacitar professores. Quando eu estava na prefeitura, tínhamos um programa que estendia o horário de sete escolas para a jornada de sete horas diárias, três vezes por semana. Temos que retomar isso. E ter um plano de quatro anos para que todas as escolas atendam em jornada integral pelo menos três vezes por semana. O outro ponto é a capacitação. Praticamente 40% dos professores do município são ACTs, o que reflete na nota do Ideb, que é a troca constante dos professores nas escolas. Você impede um programa pedagógico de longo prazo. É preciso realizar concurso, efetivar os professores e estimular a capacitação.

Hoje há mais de 2 mil crianças na Fila Única por uma vaga em creches de Blumenau. Qual vai ser a estratégia do seu governo para diminuir o número de famílias que estão à espera?

No curto prazo, parceria com a iniciativa privada. Essa é a melhor maneira de você resolver essa questão. As creches privadas do município inclusive sofreram bastante agora durante o processo da pandemia e podem oferecer essas vagas ao município. Outra questão importante para ser discutida é a questão da vaga integral. Alguns anos atrás, o município transformou as vagas integrais em meio período. Com isso, artificialmente aumentou o número de vagas, porém reduziu o atendimento. Então é preciso rediscutir o atendimento das vagas integrais, e essa é uma questão que é preciso tratar logo no início do governo.

Mobilidade urbana

Blumenau usa pontes para separar, não unir. Em quase uma década, nenhuma ideia de ligação da Região Central à Ponta Aguda foi tirada do papel. O que o(a) senhor(a) vai fazer para resolver essa questão?

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A discussão não é qual ponte. Todas as pontes são necessárias e podem ser executadas. Estamos discutindo um sistema de ligação com a saída Leste da cidade. A melhor localização era a Rua Rodolfo Freygang porque você opera em linha reta com a Rua Chile. Esse sistema de ligação ajuda a resolver o problema da fila na Rep. Argentina. Naquele projeto, tinha não só a ponte, mas também a passarela na Prainha. As soluções precisam ser entendidas no seu conjunto. Continuo entendendo que a localização que dá o melhor resultado é a da Rua Rodolfo Freygang. A duplicação da ponte Adolfo Konder é menos eficiente, porque você faz três curvas para acessar a Chile.

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Linhas aglutinadas e queda no número de horários de ônibus foram algumas das formas encontradas para equilibrar as contas da atual empresa responsável pelos ônibus de Blumenau. Qual a solução para o transporte público da cidade e como torná-lo mais rápido e atrativo?

O sistema perde passageiros porque não oferece qualidade. Isso que acaba pressionando cada vez mais o custo da tarifa. O modelo precisa ser revisto. A empresa não ganha pela qualidade que presta, e ela acaba aumentando a rentabilidade sacrificando a qualidade. É fundamental discutir a questão da climatização. Em 2010, quando implantamos as estações de pré-embarque da região central climatizadas, era o início da discussão da climatização. Infelizmente, as estações foram abandonadas. A passagem tem que ser paga com o celular. A prefeitura precisa de uma plataforma única de trânsito e transportes. Blumenau precisa liderar uma mudança profunda na concepção do transporte.

Economia

Blumenau perdeu 8 mil empregos formais, com carteira assinada, entre março e maio. Recuperar essas vagas, a maioria da iniciativa privada, é um dos desafios da economia da cidade. Considerando que a arrecadação está sofrendo com a pandemia, que o dinheiro em caixa está contado e que muitas das contratações dependem de uma conjuntura econômica por vezes nacional, como a prefeitura pode ajudar a estimular a reposição dessas vagas?

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Primeiro, simplificação e desburocratização. Tenho visitado várias empresas e há uma reclamação muito grande da dificuldade que se tem para empreender em Blumenau. Segundo, investir em formação, tanto na questão da educação, no fortalecimento do programa Adolescente Aprendiz. Quando a gente estava na prefeitura, a Pró-Família chegou a ter 1,4 mil vagas no Adolescente Aprendiz, e hoje deve ter em torno de 200. Então, retomar esse programa com muito mais força e investir em programas de formação. O Entra 21, que começou em 2006, é um grande exemplo disso.

Blumenau vem passando, nos últimos anos, por uma transformação econômica. O setor de serviços vem crescendo e a indústria, apesar de ainda ser muito relevante, diminuindo, com muitas fábricas deixando a cidade. Que visão de matriz econômica o sr(a) tem para Blumenau? Como atrair novos negócios, impedir que os que estão aqui saiam e melhorar a competitividade da economia local?

Muitas empresas industriais deixaram Blumenau por conta do processo burocrático e complexo de se ampliar atividades industriais e de iniciar novas empresas. Temos que trabalhar a simplificação e a desburocratização. A prefeitura tem que ser proativa na busca por empresas, inclusive vendendo a imagem da cidade para o setor de TI. Blumenau é um polo neste setor, tem enormes empresas que fazem um serviço de qualidade, mas não consegue se apresentar como tal. É preciso rediscutir a questão do turismo na cidade, a última grande ação foi a criação do Parque Vila Germânica, em 2006. De lá para cá não houve nenhum novo atrativo. Estamos perdendo espaço.

Áreas de lazer

Blumenau anunciou um pacote que prevê a concessão de algumas áreas de lazer e praças à iniciativa privada. O(a) senhor(a) é a favor? Pretende fazer a concessão de outros espaços públicos dentro da cidade também?

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Não tenho certeza de que conceder parques e praças seja um caminho adequado. As parcerias com a iniciativa privada são necessárias para a manutenção, mas não necessariamente num regime de concessão. Novamente, né? As últimas ações desse ponto de vista foram o Parque Ramiro, inaugurado em 2007, e a praça das Gaitas, em 2008, fora outras menores. Há uma carência enorme de espaços de lazer. A questão do Parque das Itoupavas é acesso. O princípio do parque é você chegar a pé ou de bicicleta. E no Parque das Itoupavas você só chega de carro.

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Em quatro anos de governo, onde o(a) senhor(a) pretende construir um novo parque em Blumenau? Qual bairro e qual região da cidade precisam de uma área de lazer?

Precisamos viabilizar novas áreas para construção de parques e praças, rever determinados requisitos do nosso zoneamento e permitir que as pessoas que pretendem construir na cidade possam participar. Ao invés de você deixar um pequeno espaço de terra reservado como área pública em cada loteamento que se aprova, é muito mais inteligente você buscar um espaço só, maior, que possa atender toda uma região. É possível identificar algumas áreas, desde a Região Norte da cidade, e especialmente na Região do Garcia. São duas áreas que precisam ser trabalhadas.

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Colaboraram Augusto Ittner, Bianca Bertoli, Evandro de Assis e Pedro Machado.

Análise

O colunista do Santa, Evandro de Assis, analisa o cenário da disputa entre Hildebrandt e Kleinübing, candidatos a prefeitura no segundo turno das eleições em Blumenau.