Ajudar os hospitais que são responsabilidade do Estado, investir em estrutura física para as escolas e rediscutir o modelo e transporte coletivo são algumas das propostas do candidato Mário Hildebrandt (Podemos). Ele disputa com João Paulo Kleinübing (DEM), o segundo turno das Eleições 2020.

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Hildebrandt, assumiu o lugar renunciado por Napoleão Bernardes, há pouco mais de dois anos. Ele acredita que o aproveitamento da estrutura do Hospital da Furb depende mais da instituição do que do executivo.

Quando questionado sobre lazer, as terceirizações, ou as famosas concessões dos espaços públicos, são o melhor caminho para a cidade, segundo Hildebrandt. O candidato pretende aumentar as áreas de lazer nos bairros, mas reconhece que há dificuldade em a prefeitura bancar a construção e manutenção dessas estruturas.

Confira abaixo todas as propostas:

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Saúde

No início deste ano, o Hospital Santo Antônio confirmou ter um prejuízo mensal de R$ 1 milhão, situação tratada dentro da unidade como “preocupante”. O que o(a) senhor(a) vai fazer para amenizar o déficit enfrentado por um dos principais hospitais do Vale do Itajaí?

No ano passado nós antecipamos o valor do extrateto, no início deste ano mais R$ 1 milhão, se não me falha a memória, e nós estamos aportando, anualmente, quase R$ 7 milhões para o Hospital Santo Antônio. Lembrando que a responsabilidade é do Estado e do governo federal, mas nem por isso a prefeitura deixou de apoiar os hospitais. Durante a pandemia fizemos uma série de ações, deixando de legado cinco leitos de UTI. Nós assumimos o compromisso ontem (quarta-feira,7 de outubro) de auxiliar nas obras de ampliação. O resumo é esse: ajudar o hospital a se vocacionar, discutindo uma política hospitalar para a cidade.

A estrutura do Hospital da Furb é subaproveitada? O senhor pretende, de alguma forma, utilizar o espaço tanto para a capacitação de estudantes quanto para ampliar o atendimento à comunidade?

A política hospitalar é uma ação que depende mais da pactuação estadual e federal do que do município. Pode ter interesse, sim, mas isso só pode ser ampliado se houver homologação nos demais entes federados e aí precisa também entender qual é o objetivo do Hospital da Furb. Ele pode auxiliar na questão das pequenas cirurgias, por exemplo. Nós temos um desafio de demandas de retirada de próteses que a Furb poderia ceder esses espaços, mas depende mais da Furb do que de nós. Nós vamos aperfeiçoar os ambulatórios em algumas ações que são fundamentais nos primeiros atendimentos, com equipamentos de raio-x, por exemplo.

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Educação

O resultado das escolas de Blumenau no Ideb piorou em 2019 em relação a 2017. Qual a proposta do(a) senhor(a) para melhorar esses índices novamente na cidade?

Já estamos trabalhando nisso. Apesar de que, se você olhar, nós estamos acima da meta. É um ponto que tem que ser destacado. Eu implementei algumas propostas em relação a isso. Primeiro: ensino de lógica na escola. Segundo: as escolas bilíngues. Terceiro: melhoria da estrutura das nossas escolas. Como é que você vai oferecer qualidade na educação se você tem dificuldade em oferecer estrutura física de qualidade? Nós temos que investir em estrutura física, equipamentos, material didático, na qualificação dos nossos professores e melhoria na nossa estrutura.

Hoje há mais de 2 mil crianças na Fila Única por uma vaga em creches de Blumenau. Qual vai ser a estratégia do seu governo para diminuir o número de famílias que estão à espera?

Temos um dos menores números de crianças na fila de espera dos últimos tempos. Já temos alguns projetos, como a compra de vagas de creches privadas, que só parou porque veio a pandemia. Já abrimos compra para novas vagas para o início do ano que vem. Quinhentas já estão em mapeamento. Além de cinco creches que vão ficar prontas até o início do ano que vem porque eu consegui municipalizar as obras e com essa perspectiva vou terminá-las. A fila chegou a ter mais de 5 mil crianças e hoje está com 2,2 mil. Uma das nossas obsessões para os próximos quatro anos é reduzir ou praticamente zerar essa fila.

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Mobilidade urbana

Blumenau usa pontes para separar, não unir. Em quase uma década, nenhuma ideia de ligação da Região Central à Ponta Aguda foi tirada do papel. O que o(a) senhor(a) vai fazer para resolver essa questão?

Já estou fazendo. Em vez de ficar discutindo ponte aqui, ponte lá, eu consegui o financiamento de R$ 80 milhões, deixei de fazer uma ponte de R$ 80 milhões e estou fazendo uma de R$ 10 milhões, mais uma ponte de R$ 4 milhões (a do Biergarten) e mais duas pontes no Garcia por R$ 11 milhões. Vou botar asfalto novo, construir ambulatório na área da saúde, trocar telhado de escola que está chovendo desde 2005… Ou seja, vou levar obras para os bairros de Blumenau. Tem várias entregas para a região central, mas são recursos que conseguimos específicos para isso, não tiramos de obras dos bairros.

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Linhas aglutinadas e queda no número de horários de ônibus foram algumas das formas encontradas para equilibrar as contas da atual empresa responsável pelos ônibus de Blumenau. Qual a solução para o transporte público da cidade e como torná-lo mais rápido e atrativo?

Nós já estamos fazendo isso também. Com a entrega da Rua Humberto de Campos as pessoas ganharam 32 minutos por dia. A mesma coisa com essa ponte ali do lado da Thapyoka, com ganho aproximado de 10 a 15 minutos por viagem (do terminal Fonte ao Aterro). Vamos fazer outras coisas em relação aos terminais. O da Itoupava Central vai ter a integração da bicicleta, do carro e do ônibus. A responsabilidade do transporte coletivo é do poder público. Temos o desafio de rediscutir o modelo do transporte coletivo e a integração de outros modais, além da integração entre os municípios, que precisa acontecer.

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Economia

Blumenau perdeu 8 mil empregos formais, com carteira assinada, entre março e maio. Recuperar essas vagas, a maioria da iniciativa privada, é um dos desafios da economia da cidade. Considerando que a arrecadação está sofrendo com a pandemia, que o dinheiro em caixa está contado e que muitas das contratações dependem de uma conjuntura econômica por vezes nacional, como a prefeitura pode ajudar a estimular a reposição dessas vagas?

Na realidade nós já estamos fazendo. Primeiro quando definimos o plano de retomada, que já tem resultados. O déficit anual neste momento é de 2.167 empregos. A gente assinou um decreto para estimular aqueles que ficaram desempregados a montar a sua própria empresa. Desde a assinatura, 290 novos MEIs (microempreendedores individuais) surgiram em Blumenau. Tem as novas vagas em grandes supermercados… Estamos criando empregos para todas os padrões e todos os níveis de instrução. Não dá para criar emprego só na área de tecnologia, nem só na base. Temos uma série de ações acontecendo.

Blumenau vem passando, nos últimos anos, por uma transformação econômica. O setor de serviços vem crescendo e a indústria, apesar de ainda ser muito relevante, diminuindo, com muitas fábricas deixando a cidade. Que visão de matriz econômica o sr(a) tem para Blumenau? Como atrair novos negócios, impedir que os que estão aqui saiam e melhorar a competitividade da economia local?

A primeira questão é: muitas empresas (que deixaram Blumenau)? Eu conheço duas. E uma anunciou que ia sair em 2008, porque a cidade cresceu ao redor dela. Hoje em Blumenau a questão de espaço para implementação de empresas grandes é um dos desafios. Então a matriz de fato vai migrar para o setor de serviços, saindo do recolhimento de ICMS para a vinda do ISS para a cidade. Para qualquer empresa que queira se instalar aqui trabalhamos na manutenção e geração dos incentivos econômicos, como apoio com IPTU e redução de ISS. Nossa mão de obra e educação são diferenciais e também acabam impactando.

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Áreas de lazer

Blumenau anunciou um pacote que prevê a concessão de algumas áreas de lazer e praças à iniciativa privada. O(a) senhor(a) é a favor? Pretende fazer a concessão de outros espaços públicos dentro da cidade também?

Sim, “só” as 19 concessões que eu já anunciei. Concessões ou terceirizações, se a gente pode chamar assim. Entre elas, que a gente já trabalhou, é a Praça Dr. Blumenau, que é a praça da estação, que estamos mudando o edital e me parece que já vieram dois ou três novos interessados em cada uma das áreas. E vamos fazer no mesmo modelo do Frohsinn, que já teve um interessado. A tendência é lançar o mercado público, fazer a concessão da questão do sistema de lixo, da área azul, do pátio da Seterb. Enfim, aquele pacote todo. Fora os novos que vão surgir ao longo desse processo.

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Em quatro anos de governo, onde o(a) senhor(a) pretende construir um novo parque em Blumenau? Qual bairro e qual região da cidade precisam de uma área de lazer?

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Nós precisamos incentivar em praticamente todos os bairros. “Ah, mas vai fazer em todos os bairros?”. Eu não vou conseguir. A responsabilidade de um gestor é a de não mentir para a comunidade. Conheço o orçamento da prefeitura e sei que as pessoas não vão conseguir fazer, mas a gente vai trabalhar na questão do Grande Garcia, na região da Água Verde, se lograrmos êxito na desativação do presídio, o Parque das Itoupavas, que vai ser entregue nos próximos dias… Estamos com algumas dezenas de academias em licitação para serem entregues. Instalações de lazer precisam e devem ser feitas.

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Análise

O colunista do Santa, Evandro de Assis, analisa o cenário da disputa entre Hildebrandt e Kleinübing, candidatos a prefeitura no segundo turno das eleições em Blumenau.