O jornal americano The New York Times (NYT) questiona, em um editorial publicado na edição desta segunda-feira, o compromisso do governo de Michel Temer para acabar com a corrupção. Além disso, pede medidas concretas da nova gestão e de sua equipe para combater as irregularidades. Uma delas é acabar com a imunidade de parlamentares e de ministros, descrita no artigo como “injustificável”.
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“Não está claro o quão longe Temer pretende ir para combater a corrupção. Se ele for sério e quiser acabar com as suspeitas sobre a motivação para remover Dilma Rousseff, seria inteligente defender o fim da imunidade parlamentar para congressistas e ministros em casos de corrupção”, conclui o texto.
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O NYT começa o artigo, que recebeu o título “A medalha de ouro do Brasil para a corrupção”, criticando o ministério de Temer, formado apenas por homens brancos, e faz referência à ficha suja de alguns deles, mencionando que sete são investigados pela Operação Lava-Jato.
O avanço das investigações já levou a queda de dois ministros, Romero Jucá, do Planejamento, e Fabiano Silveira, da Transparência, em apenas poucos dias de governo, ressalta o texto. “As nomeações reforçaram as suspeitas de que o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff no mês passado, por acusações de maquiar ilegalmente as contas do governo, teve uma segunda intenção: fazer as investigações (sobre corrupção) sumirem”, afirma o jornal.
Os recentes acontecimentos, destaca a publicação, forçaram Temer a repetir várias vezes nos últimos dias que não atrapalharia as investigações da Lava-Jato, que “chacoalharam” a política do Brasil. “Considerando as pessoas que Temer se cercou, a promessa parece vazia”, diz o texto.
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Por isso, se o peemedebista pretende ganhar a confiança dos brasileiros, incluindo parte da população que vê sua chegada no poder como um golpe, precisa tomar “medidas concretas”.
Uma das ações é acabar com a imunidade parlamentar para políticos envolvidos com corrupção. “Essa proteção injustificável claramente permitiu uma cultura de corrupção e impunidade institucionalizada”, ressalta o editorial, destacando que, no Brasil, os políticos, incluindo os parlamentares e o alto escalão do governo, contam com o foro privilegiado e, por isso, não podem ser investigados pela Justiça comum.
O texto cita ainda declarações recentes do juiz Sergio Moro, que comanda a Lava-Jato, nas quais pede punição a crimes cometidos por políticos. “Os esquemas de corrupção sistêmica são danosos porque têm impacto na confiança nas leis e na democracia”, afirmou o juiz em trecho citado no editorial.