Em abril de 1999 um grupo de amigas moradoras de Jurerê, bairro do Norte da Ilha, em Florianópolis, resolveu se reunir para fazer o que elas mais gostavam: tricotar e costurar. Além de habilidades manuais, elas tinham também o desejo de ajudar outras mulheres. Foi com este intuito que começaram a tricotar enxovais para as crianças recém-nascidas, cujas mães fossem comprovadamente carentes. Nos primeiros tempos, eram poucas peças, já que o grupo de voluntárias também era pequeno.

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Com o passar dos anos novas mãos habilidosas foram se agregando, e o que era uma ajuda sem muito compromisso transformou-se no Núcleo Assistencial ProMater, uma entidade que congrega voluntárias de todas as idades _ algumas com mais de 90 anos – que têm como objetivo doar, todos os meses, 60 enxovais completos para bebês que deixam a meternidade dos hospitais públicos de Florianópolis, filhos de mães carentes. São 20 enxovais para o Hospital Universitário, 20 para a Carmela Dutra e os outros 20 para o Hospital Infantil Joana de Gusmão. Cada um dos 720 enxovais doados por ano contém um cobertor, uma toalha, duas fraldas de pano, 10 fraldas descartáveis, dois cueiros, um macacão tip top, um sabonete, um casaquinho de lã, dois pares de sapatinhos, dois pares de meias, um gorro de lã e uma manta de lã, além de um travesseirinho. Todas as peças confeccionadas com muito carinho e capricho pelas artesãs e costureiras.

Como o número de voluntárias foi crescendo, não dava mais para os encontros continuarem acontecendo cada semana na casa de uma delas. Alugaram, então, uma casa. Hoje, a sede está localizada na Rua das Moréias 78, em Jurerê. É lá que funciona também o brechó da entidade, onde são vendidas as peças de roupas, sapatos, bijuterias, artigos e objetos para casa doados por pessoas da comunidade. Nada é comprado. Tudo o que elas vendem é fruto de doação. Com o dinheiro que arrecadam no brechó (que funciona nas segundas, quartas e sextas à tarde) e mais uma pequena mensalidade que cada voluntária paga, elas conseguem arcar com as despesas de aluguel e manutenção da casa, e ainda comprar os tecidos, lãs e outros aviamentos necessários para a confecção dos enxovais.

Regina Lapa, presidente da instituição, conta que mais do que os enxovais, a ProMater foi a responsável por dar um novo sentido à vida de muitas das voluntárias, algumas já bem idosas e que antes praticamente não saíam de dentro de casa. São senhoras de várias nacionalidades e de todas as idades, e os encontros acabam servindo também como uma “terapia de grupo”. Enquanto tricotam ou costuram, a conversa rola solta, e todas voltam para casa mais leves e felizes. O maior desejo delas, atualmente, é ter um terreno onde possam construir a sede própria, para poder reverter o dinheiro do aluguel em mais enxovais para as crianças carentes, que são muitas, infelizmente.

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