As propostas de dois vereadores para definir corredores de motos nas ruas de Joinville e, de outro parlamentar, para que os espaços reservados aos ônibus sejam compartilhados com os motociclistas, têm gerado polêmica. A Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj) é contrária aos projetos.
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Por enquanto, apenas o vereador Jaime Evaristo (PSC) protocolou um projeto de lei sobre o tema. Na última quarta-feira, ele propôs a criação de um corredor exclusivo para as motos, com um metro de largura e localizada no lado esquerdo das pistas em mão única, e ao lado do corredor de ônibus nas ruas que contam com o espaço exclusivo.
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– O projeto é pela segurança dos motociclistas e para termos uma maior fluidez no trânsito. Hoje acontecem muitos acidentes com vítima fatal – diz.
Evaristo considera perigoso deixar o motociclista no mesmo corredor destinado aos ônibus.
– Vai atrapalhar quem quer chegar mais cedo em casa. E fazer o corredor no meio da pista é perigoso porque os motociclistas vão continuar trafegando pelo meio dos carros – afirma.
O vereador Roberto Bisoni (PSDB), que foi o primeiro parlamentar a propor a criação do corredor, pretende entregar o projeto na Câmara nesta semana. Ele sugere a definição de corredores de motos com 1,2 metro de largura no meio das pistas de tráfego com mão única.
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– Estou conversando com os motociclistas, com os mototaxistas, e hoje 99% dos que têm moto querem um corredor exclusivo. O próprio dono de automóvel quer, pois sabe que os motociclistas andam no meio dos carros e isso favorece a ocorrência de acidentes – ressalta Bisoni, que sugere ainda a criação de um bolsão para as motos antes das sinaleiras.
O vereador Odir Nunes (Solidariedade) tem outra proposta. Para ele, os motociclistas devem utilizar os corredores de ônibus. O projeto será protocolado hoje.
– O projeto é a oportunidade de discutirmos amplamente o assunto. Quem sabe no futuro tenhamos um corredor exclusivo.
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Presidente do Ippuj discorda de propostas
Na avaliação do presidente do Ippuj, Vladimir Constante, a gestão do transporte cabe ao Executivo. Ele é totalmente contrário à proposta e explica os motivos:
– A política nacional de mobilidade urbana prioriza os modelos sustentáveis de transporte, como andar a pé, de bicicleta e de ônibus. Não fala em momento algum na motocicleta, que é o meio mais insustentável que existe. É o mais poluente, não tem sistema de tratamento, transporta, na maioria das vezes, apenas uma pessoa e gera muitos acidentes por conta da pilotagem inadequada. Destinar espaço para esse meio é dispensável.
Segundo Constante, o município precisa priorizar o transporte coletivo e as bicicletas.
– Se for para criarmos faixas exclusivas, vai ser para as bicicletas. Quanto ao uso compartilhado do corredor de ônibus com as motos, também sou contrário. Tenho que priorizar o coletivo e não o individual. Temos 14 quilômetros de corredor de ônibus e nenhuma das áreas têm frequência menor que dez minutos – ressalta.
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Para o presidente do Sindicato dos Mototáxis de Joinville, Osmar Victor, que representa também os motociclistas que fazem tele-entrega e moto-frete, o maior problema é a falta de espaço nas ruas.
– Seria melhor andar no corredor de ônibus, assim como os táxis. Se for feito um corredor no meio da pista, o povo não respeita e o risco seria o mesmo. Os motociclistas acham que seria difícil construir corredores de ônibus em toda a cidade. A gente quer participar das discussões e buscar os nossos direitos – afirma.
NÚMEROS
Em 2013, 90 pessoas morreram por causa de acidentes envolvendo motociclistas ou garupas.
Em 2014, 99 motociclistas ou garupas já morreram em acidentes.