Hoje, dia 25 de maio de 2017, deveríamos estar noticiando a inauguração da creche da Cachoeira do Bom Jesus, no norte da Ilha de SC. Esta era a data prevista para a conclusão das obras. No entanto, tudo que foi colocado lá desde julho do ano passado foi um tapume e a placa que sinalizava a execução.

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O recurso, R$ 1,6 milhão, já estava garantido pelo Governo Federal. No entanto, o laudo de sondagem constatou que o solo era mole e não apresentava capacidade de carga para a fundação conforme o projeto licitado. Outra alteração foi a troca do contrapiso simples para armado, para evitar afundamentos. Por causa desses problemas, Maria Fernanda Moreira não consegue trabalhar, pois não tem onde deixar o filho João Pedro, de 4 anos.

— Não consegui colocar meu filho sequer na lista de espera. E numa creche particular é R$ 1.200 o turno integral, eu não tenho condições. Por isso eu só consigo fazer bico com limpeza, restaurante, lugares onde eu posso levar o João — lamenta.

Está cheio de gente com o mesmo problema da Maria. Hoje o déficit nas creches de Florianópolis é de 2.990 vagas. Ao todo, 14 obras da gestão passada foram paralisadas por erros no projeto, como as da Cachoeira do Bom Jesus, ou por falta de pagamento às empresas contratadas.

João Pedro tentando entender a placa que anuncia a construção da creche
João Pedro tentando entender a placa que anuncia a construção da creche (Foto: Felipe Carneiro / Agencia RBS)

A situação se repete no sul da Ilha. Na creche do Rio Tavares, por exemplo, também com serviços paralisados, além de falha no projeto, ocorreu um erro no quantitativo de pré-moldado. Já na creche Areias do Campeche, a obra está parada por desistência da empresa que venceu a licitação. A segunda colocada será chamada para continuar o empreendimento. E ainda há outro impasse no Núcleo de Educação Infantil do Canto da Lagoa. Lá será implantada uma estação elevatória de esgoto. No entanto, os trabalhos não seguem o cronograma previsto, já que houve atraso na entrega do equipamento.

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Conforme a Secretaria de Educação, a atual administração herdou uma série de pedidos de aditivos de prorrogação de prazos e de serviços por parte das empresas responsáveis.

— Foi uma transição de governo, com mudanças de equipes. Acrescente a isso as correções de projetos, que aumentam o preço e os prazos. E nós não podemos passar por cima do que a legislação estabelece — disse o secretário adjunto da pasta, Luciano Formighieri.

Retomada

Na última terça-feira, a prefeitura anunciou a retomada de nove das 14 obras paradas: Morro do Horácio, Ingleses, Vila Aparecida, Caieira do Saco dos Limões, Morro do Céu, Tapera, Santa Vitória (Agronômica), Red Park (Rio Vermelho) e Capoeiras. Ao todo, serão investidos R$ 31 milhões com recursos do Banco Interamericano do Desenvolvimento ou do Governo Federal. Juntas, essas unidades irão abrir 1.960 vagas.

Já quanto às demais cinco creches, a Secretaria de Educação não dá prazo para a retomada. Explica apenas que está havendo uma adequação de projetos de fundação. Provavelmente até lá, o João Pedro, filho de Maria Fernanda, já esteja com idade para entrar estar no Ensino Fundamental.

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Confira a lista de obras sem previsão de retomada

1. CRECHE RIO TAVARES

Atendimento a 215 crianças

Valor do contrato: R$ 4.575.869,74

2. CRECHE AREIAS DO CAMPECHE

Atendimento: 180 crianças

Valor do contrato: R$ 1.873.000

3. CRECHE CACHOEIRA DO BOM JESUS

Atendimento a 180 crianças

Valor do contrato: R$ 1.659.361,73

4. CRECHE PORTAL DO RIBEIRÃO

Atendimento a 180 crianças

Valor do contrato: R$ 1.693.495,82

5. CRECHE CANTO DA CORUJA (RIO VERMELHO)

Atendimento a 180 crianças

Valor do contrato: R$ 1.693.000