Enquanto os jogadores das seleções de futebol entram em campo, projetos culturais de todo o Brasil se apresentam nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. A iniciativa faz parte de um edital promovido pelo Ministério da Cultura para divulgar a arte brasileira.

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Ao todo foram escolhidas 144 propostas em 14 segmentos de todos os Estados do país – mesmo aqueles que não recebem as partidas puderam participar. Os catarinenses tiveram 11 aprovadas nas áreas de dança, música, teatro, literatura, artes visuais, manifestações tradicionais, cultura viva e audiovisual, totalizando um investimento de R$ 912,4 mil (um dos contemplados desistiu, já que não conseguirá cumprir o prazo estipulado).

Apesar do pouco tempo de estrada, o grupo de teatro de rua RestaNóis, de Florianópolis, tem uma trajetória em editais nacionais. Nos quatro anos de existência, as atrizes Marieli Mota, Nathália Manzim e Jéssica Faust venceram também o Artes na Rua e o Myriam Muniz, ambos da Funarte. Esses investimentos federais, segundo elas, permitem que o trio leve arte para pessoas que nunca teriam a chance de frequentar salas de teatro.

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Inspirado na linguagem dos artistas e palhaços de rua, o grupo convidou a atriz e musicista Mariel Maciel para participar do espetáculo Acima de 12. A peça é uma releitura crítica e bem-humorada de contos de fadas populares. É o caso de Rapunzel, em que elas discutem sobre a opressão da mulher ao ter de ser salva por um homem.

As atrizes conceberam o espetáculo desde o texto, que é atualizado conforme o contexto em que é encenado. A turnê de 10 apresentações em Curitiba, que foi contemplada com R$ 22,5 mil e ainda não tem data e locais definidos, pode, inclusive, ter uma modificação específica para os jogos do Mundial. Elas estudam inserir um conto que simbolize criticamente alguns dos aspectos negativos relacionados à organização do evento:

– A princípio, não tinha a proposta de dialogar com a Copa, mas nós temos uma linha meio crítica em relação a algumas coisas. Sabemos que houve despejos em alguns locais, e o conto dos Três Porquinhos retrata um pouco isso, com o lobo mau expulsando-os de suas casas – explica Nathália.

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O público é cúmplice do espetáculo desde os ensaios, que são feitos de forma aberta nos espaços da cidade. Ele acompanha o processo de criação e montagem, além do próprio aquecimento e troca de figurino das atrizes. Tudo acontece na frente da plateia. Se ensaiar nas ruas promove o envolvimento dos espectadores, também faz parte do aprendizado profissional:

– A gente tem de saber lidar com a intervenção de uma forma respeitosa e não esperar que as pessoas irão se comportar do jeito que queremos – conta Jéssica.

O RestaNóis foi criado em 2010, depois de as integrantes cursarem uma disciplina de teatro de rua com o artista Toni Edson na faculdade de Artes Cênicas da UFSC. A parceria com o professor ultrapassou a sala de aula, quando ele dirigiu Conto de Fadas, a primeira peça da companhia.

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