Menos produtos químicos, mais preservação ambiental, menos dependência de um único rio e mais união da comunidade em torno de uma causa. Esses são alguns pontos que estão reunindo entidades, estudantes, poder público e a população de Indaial em um projeto que será apresentado hoje. Atualmente os mais de 60 mil habitantes da cidade são completamente abastecidos com a água do rio Itajaí-Açu, captada em um ponto na Estação de Tratamento (ETA) da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) no bairro Rio Morto. Após mais de dois anos de pesquisa, a possibilidade de abastecer Indaial com a água dos ribeirões Encano e Warnow, comprovadamente mais limpos, pode virar realidade.
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O projeto é encabeçado pelo Rotary Club de Indaial e conta com apoio de alunos voluntários do curso de Engenharia Civil da Uniasselvi, que formularam a proposta que será apresentada a lideranças do município. De acordo com a pesquisa dos alunos Cristiano Ponciano, Maria Cristina Mroczka e Rodrigo Henrique Mendonça, é viável para o município a construção de uma nova estação de tratamento no ribeirão Encano, na localidade do Encano Central, com capacidade para tratar cem litros de água por segundo, com possibilidade de dobrar para 200 l/s – a mesma quantia da atual ETA da cidade.
A motivação é socioeconômica e ambiental. Enquanto a água do Itajaí-Açu passa por cinco cidades até chegar em Indaial, onde necessita de produtos químicos e diversos tratamentos para que possa abastecer a cidade com qualidade, o ribeirão Encano nasce no Parque Nacional da Serra do Itajaí – uma área de preservação – e chega ao ponto de captação extremamente limpo.
– Fizemos mais de 600 análises nos rios Itajaí-Açu, Encano e Warnow. O ponto onde a água é captada em Indaial está com vários níveis acima do permitido na legislação. O Itajaí-Açu ali tem excessos de sulfeto, fósforo e ferro, além de ter cor em índices muito elevados. Isso pede mais produtos químicos e tratamento para que a água chegue limpa nas casas. No Encano é possível tratar essa água sem produtos químicos. Filtragem com caixa de areia e tratamento microbiológico seria suficiente – explica o farmacêutico bioquímico Guilherme Freitag, gestor técnico do laboratório Freitag, de Timbó, responsável pelas análises que basearam a pesquisa.
Famílias que ajudarem a preservar água terão benefícios
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Para manter a água do ribeirão Encano limpa e com a nascente preservada, o projeto prevê também um bônus às famílias que moram acima do ponto de captação da água. De acordo com o secretário de Planejamento de Indaial e também presidente do Rotary Club, Paulo Roberto Ledra, cerca de 150 famílias vivem nessa região, e iriam participar de projetos de preservação ambiental. A ideia cita, inclusive, pagamentos de benefícios para as famílias que deixassem de poluir o ribeirão.
– Precisa ser feito um projeto executivo, as leis que vão gerir a preservação, etc. Se for tratado como prioridade, imagino que em cinco anos a cidade pode ganhar essa estação – sinaliza Ledra.
Segundo ele existem dois planos no projeto inicial, um para abastecer a região e outro para ampliar para toda a cidade. O primeiro custaria R$ 17 milhões, enquanto o outro R$ 25 milhões.