Insconsciente e em parada respiratória: foi assim que uma tartaruga, que hoje é considerada o caso mais grave em recuperação, chegou ao Centro de Reabilitação de Tartarugas Marinhas do Projeto Tamar, em Florianópolis, no último dia 4 de maio. O animal, que sofre de pneumonia e superou a respiração mecânica, é uma das muitas tartarugas atendidas pela equipe multdisciplinar do espaço localizado na Barra da Lagoa, Leste da Ilha.  

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Segundo Daniel Wagner Rogério, coordenador do centro de visitantes do projeto, cerca de 80 tartarugas são tratadas a cada ano, e os animais que conseguem sobreviver ficam em média de um a dois meses sendo cuidados no Tamar antes de serem devolvidos ao mar.  

— Todas as tartarugas que chegam para serem tratadas vão embora com uma anilha de metal em cada nadadeira, ali vai ter um número de registro e atrás “avise o projeto Tamar”. Se a gente reencontrar esses animais, a gente joga esse número no nosso sistema de dados e vamos saber todas as informações sobre ela, como peso, comprimento, largura do casco, se ela tinha interagido com pesca, onde foi encontrada. É uma ficha de registro — explica Rogério. 

A base do Projeto Tamar em Florianópolis foi criada em 2005 e, desde então, as equipes intensificaram os trabalhos de conscientização e monitoramento dos animais que precisam de ajuda, inclusive junto aos pescadores da região. 

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— Quando o Projeto Tamar começou nas áreas de desova, no Nordeste, acontecia muito de o pescador matar a fêmea para comer a carne ou comer os ovos mesmo. Com o trabalho do Tamar de conscientização e contratando alguns pescadores para trabalhar com a gente, essa realidade mudou bastante. O pescador que antes caçava tartaruga, agora, protege. Talvez, se aquela matança tivesse continuado, não teria mais tartaruga no Brasil porque o ciclo de vida delas estava interrompido — destaca o coordenador.  

Entre as sete espécies de tartarugas marinhas que existem no mundo, cinco ocorrem no Brasil. No Tamar de Florianópolis já foram tratados animais de todas essas espécies e as mais comuns são a tartaruga-verde, em tamanho juvenil, e a cabeçuda. 

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Perigos do lixo e redes de pesca

Entre as principais ameaças que as tartarugas marinhas enfrentam no litoral brasileiro estão as redes de pesca clandestinas que podem matar as tartarugas por asfixia e os lixos, que perfuram os animais. 

— Hoje a principal ameaça para as tartarugas marinhas é a pesca. Mas essa pesca de arrasto de praia, que é feita com as canoas, não impacta muito porque os pescadores cercam e puxam a tainha para a praia. A tartaruga vem junto, mas ela não se afogou, fica pouco tempo na rede e eles conseguem soltar ou trazer para a gente. O problema é que, quando começa a temporada da tainha, muita gente coloca redes ilegais, fixas nos costões, chamadas de “redes feiticeiras”, que são proibidas — explica Daniel.

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Na última semana, uma tartaruga-verde foi resgatada pela Associação R3 Animal entre Florianópolis e São José, e durante os dias de recuperação no Tamar, o animal começou a eliminar lixo pelas fezes. 

— São animais que chegam muito magros e quando vamos fazer o raio-X, conseguimos ver que ela está impactada com o lixo. Se a tartaruga morre, a gente abre para a necrópsia e conseguimos separar os pedaços de plástico — afirma. 

O Tamar está ligado ao Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que tem o objetivo de avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos. O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos.  

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Dia Mundial da Tartaruga Marinha 

A partir desta quinta-feira (16), Dia Mundial da Tartaruga Marinha, a população poderá participar de uma programação cultural, interativa e educativa na sede do Projeto Tamar, em Florianópolis (veja abaixo)

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Nos outros dias, as visitas podem ser feitas de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h. Na terça-feira, o local não abre. Os ingresso custam R$ 28 (inteira) e R$ 14 (meia); moradores da Barra da Lagoa e alunos de escolas públicas têm entrada gratuita.    

Veja a programação para o feriado

Dias 16, 17, 18 e 19/06

  • 10h30 – Atividade de Enriquecimento Ambiental: “Atividade voltada ao bem-estar das tartarugas”
  • 11h30 – Visita Orientada: “Imersão no mundo das tartarugas acompanhada por uma monitora”
  • 12h30 – Horta das Tartarugas: “Alimentação especial das tartarugas”
  • 13h45 – Alimentação Interativa: “Atividade em que as crianças ajudam o tratador a alimentar as tartarugas. Senhas limitadas”
  • 15h30 – Alimentação das Tartarugas: “Atividade mediada por uma monitora”

Dia 16/06 

  • 10h30 e 16h – Apresentação do Grupo Tartaruga de Mamão: “Conheça um boi-de-mamão onde os personagens são elementos do mar”
  • 15h – Retorno de Tartaruga ao Mar: “Venha viver essa experiência inesquecível. Sujeito à alteração”

Dia 17/06

  • 15h – Conversa com Nana: “Atividade lúdica infantil mediada por uma monitora”

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Dia 18/06

  • 10h – Aula de Capoeira: “Grupo de Capoeira Angola Palmares no Passo da Tartaruga”
  • 11h às 16h – Pintura Facial com temas marinhos: “Com Livia Erthal da Colore e Pinta”
  • 14h30 – Apresentação Cultural: “Projeto Musicando na Ilha”

Dia 19/06

  • 11h às 17h – Conhecer para Preservar: “Exposições de projetos de conservação que atuam em Santa Catarina”
  • 15h – Apresentação Cultural: “A Rendeira e a Tartaruga com Bianca Ramos”