Uma cidade tem muito mais para contar do que revelam pontos turísticos, livros de história ou figuras públicas. Ela também é formada por anônimos que, sem perceber, costuram histórias e cruzam trajetórias pessoais para construir o que entendemos como identidade local.

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No dia a dia, os habitantes escrevem um texto urbano que não podem ler, como resumiria o historiador e sociólogo francês Michel de Certeau.

“Sou baiana e quando cheguei aqui me dei conta que não tinha acarajé para comer. Assim que eu montei meu negócio”

Trazer à tona o aspecto humano de Florianópolis é justamente o que pretendem as publicitárias Andreza Boeing, de 32 anos, e Tatiana Richardt, 34. Colecionando rostos de desconhecidos e informações pontuais sobre cada um, as duas comandam a página no Facebook Humans of Florianópolis, que ignora as belas paisagens ou os monumentos históricos para conhecer de verdade a Capital catarinense.

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“Esse ano eu entro nos 90 (anos) e faço tudo, viajo sozinha…”.

– Todo mundo tem uma história diferente ou algo de novo para contar. O interessante é isso: mostrar a cidade sem se prender àquilo que todos já conhecem, já viram diversas vezes – explica Andreza, fotógrafa do projeto.

A página foi criada no fim de julho e está próxima de alcançar as mil curtidas. A intenção, relatam as publicitárias, é fotografar a Capital de Norte a Sul. Já o site está sendo elaborado e deve ir ao ar ainda em agosto.

“Escreve lá que eu sou bonito, sou lindo!”

De Nova York para o mundo

A ação das publicitárias é inspirada no Humans of New York, projeto bolado pelo americano Brandon Stanton em 2010. Com mais de 9 milhões de seguidores no Facebook, a página nova-iorquina logo virou site, livro best-seller e acabou inspirando mais de 200 iniciativas similares pelo mundo inteiro – do Rio de Janeiro ao Cairo, de Porto Alegre a Moscou, de São Paulo a Boston, Teerã, Cidade do Cabo, Washington, Havana ou Nova Déli.

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“Sou gaúcho de nascença e mané de coração. Faço um ótimo churrasco, e sem álcool. Vou explicar a técnica para vocês”

Para Tatiana, especialista em redes sociais, a quantidade de projetos semelhantes não incomoda: cada cidade pode mostrar um aspecto interessante e novo da vida humana.

– É uma iniciativa mundial, então nem faria sentido criar um conceito diferente para Florianópolis. Além disso, não temos uma ideia pronta de qual será o resultado final. Mas percebemos que até agora está dando tudo certo porque as pessoas têm nos procurado oferecendo ajuda – afirma.

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Publicitárias Andreza Boeing e Tatiana Richardt, responsáveis pelo projeto, invertem os papéis e posam para foto. Crédito: Domingos Bonelli/Arquivo pessoal.