Nos anos 1940, somente Luiz Gonzaga igualava-se em popularidade a Pedro Raymundo, acordeonista catarinense de Imaruí que ficou conhecido no Brasil como o “gaúcho alegre do rádio“. Vestido com bombacha e adereços completos – do chapéu às esporas na bota -, ele fez fama na Rádio Nacional, no Rio de Janeiro, e compôs canções que muita gente já ouviu falar ou até sabe cantar, mas não sabe que é dele. Quarenta e um anos depois da sua morte, músicos conterrâneos regravam suas canções.

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O projeto liderado pelo violonista e produtor Luiz Sebastião Juttel, de Florianópolis, aposta no repertório instrumental do autor de clássicos como Adeus, Mariana. Luiz Sebastião se junta a Bruno Moritz (acordeon) e Rafael Borges (guitarra semiacústica) ainda este mês para gravar o álbum – viabilizado por meio do edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2013.

Grande parte das composições de Pedro Raymundo era para serem cantadas, mas o trio descobriu uma variedade de peças instrumentais de gêneros igualmente diversos.

– Achamos 13 canções instrumentais. Dessas, oito são valsas. Mas tem choro, baião, tango – diz Luiz Sebastião, que lembra de Pedro Raymundo dos tempos de infância, quando seu pai ouvia canções gauchescas.

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O trio deixará as melodias intactas, fará apenas algumas adaptações de harmonia. A ideia, segundo Luiz Sebastião, é simples: arranjos feitos na hora e intuitivos, para não descaracterizar Pedro Raymundo e ressaltar sua musicalidade.

– As composições do Raymundo são de muita sensibilidade, ricas, de época. É uma forma de ver como se compunha nos anos 1940 e 1950, os ritmos que estavam na moda. Eram harmonias mais simples – observa o acordeonista de Brusque Bruno Moritz.

O toque de contemporaneidade está na guitarra e em detalhes como as introduções das peças – na época começava-se a gravar na base do “1, 2, 3 e já!”, num microfone só.

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Pedro Raymundo nasceu em 1906 em Imaruí, a 110 km ao Sul de Florianópolis. Era um músico popular e ficou conhecido nos anos 1940 e 1950, quando se mudou para o Rio de Janeiro e mostrava ao Brasil canções regionalistas. Apresentava-se vestido com roupas típicas da tradição gaúcha – o próprio Luiz Gonzaga (1912 – 1989) afirmou ter sido o catarinense quem o inspirou a apresentar-se com a indumentária típica dos vaqueiros nordestinos.

Raymundo está razoavelmente esquecido por aqui, mas quem trabalha com música conhece a obra dele. Uma vez me deparei com a canção Escadaria, de autoria dele, mas regravada por Dominguinhos e Sivuca – diz Bruno Moritz.

O lançamento do disco está previsto para o segundo semestre e foi viabilizado graças à parceria com o estúdio Opa Music, de Florianópolis.

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