Chovendo no molhado: o Curupira Rock Club é conhecido pelo Brasil afora. Para uns, o maior palco underground do rock catarinense; para outros, só um lugar frequentado há 20 anos por roqueiros esquisitos.
Continua depois da publicidade
A arquiteta Josiane Nones, do Estúdio Tríade, quer aproveitar o primeiro ponto para mudar o segundo, e de quebra favorecer Guaramirim com um espaço cultural menos segmentado e com ambições turísticas.
De seu projeto de conclusão de curso saiu essa ambiciosa perspectiva de mudança da clássica casa de shows, que inclui uma retumbante transformação na estrutura do local (clima na imagem acima). O plano ela detalha nesta entrevista ao Orelhada.
Como a mudança do Curupira impactaria a cultura – e, possivelmente, o turismo – da região?
Josiane Nones – O que me atraiu para desenvolver o tema foi querer colocar Guaramirim no mapa por meio do Curupira, que tem potencial para isso, pois hoje, com a estrutura precária que tem, já faz isso de alguma forma. É surreal que ninguém tenha tido a sensibilidade de tirar proveito disso em benefício da cidade. O lugar tem história, tem identidade e transborda cultura.
Continua depois da publicidade
De onde sairiam os recursos pra transformar o Curupira desse jeito?
Josiane – A transformação do Curupira deixaria ele autossustentável. Teria a escola de música, um pub, cantina, camping, vestiários e os festivais, que ganhariam mais estrutura. Mas até a execução disso, acredito que o ideal seria o poder público bancar. Porque ele deixaria de ser só o Curupira Rock Club, que produz shows eventualmente, para ser um centro cultural. Talvez se tivermos empresários envolvidos no processo, poderíamos dispensar as verbas governamentais e investir, como aconteceu com a Scar.
Pessoas ligadas à história do Curupira criticaram o seu projeto, dizendo ser megalomaníaco e desligado do fator independente inerente ao espaço?
Josiane – Eu digo que ele ficou adequado para atender as mudanças que eu propus. Ele não deixaria de ser o lendário Curupira, aliás, o preservei de todas as formas possíveis. Cada linha do projeto evidencia justamente a antiga história, bem como o cunho ecológico que desde o início foi lançado pelo Ivair (Nicocelli, dono do local). Pensar que ele sempre deveria ser só um rancho de bambu, que recebe shows de tempos em tempos, pode até mostrar a origem independente dele, mas não vejo onde valoriza a história. Ele é gigante, e tem potencial para isso.