O mais completo estudo técnico já elaborado sobre a mobilidade urbana da Grande Florianópolis está perto de sair do papel. Nos próximos dias, a melhor de oito propostas inscritas em um edital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será escolhida para dar início a um mapeamento detalhado da atual situação viária de 13 municípios metropolitanos.
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O resultado final servirá de base para a criação do primeiro Plano Diretor Regional de Mobilidade, em até dois anos.
A região não tinha um estudo assim desde 1978, quando a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (Geipot) – órgão do Ministério dos Transportes extinto há cinco anos – organizou um plano diretor de transporte integrado, mas limitado apenas a quatro cidades. Foi desse documento que nasceram obras importantes para a mobilidade local, como a Via Expressa e a Via Expressa Sul. Mas com o passar do tempo, os dados nunca renovados ficaram desatualizados.
Plano prevê nova pesquisa regional de origem-destino
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Agora, o novo estudo vai ajudar no planejamento de ações que, a médio e longo prazo, evitem um sistema ainda mais sufocado. O documento, inclusive, prevê a realização de uma nova pesquisa regional de origem-destino, considerada a maneira mais completa de identificar o padrão de mobilidade e deslocamento das pessoas e a carência do sistema de mobilidade de uma região – a atual está defasada há 35 anos, desde o plano da Geipot.
Estima-se que serão feitas cerca de 10 mil entrevistas domiciliares, fora as pesquisas complementares de tráfego nas vias e nos terminais.
A dona da melhor proposta terá um ano para finalizar o estudo, a partir do momento que for contratada – a escolha ocorre ainda na primeira quinzena deste mês.
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Os oito pré-projetos
Elaborados por empresas brasileiras e estrangeiras consorciadas entre si, os oito pré-projetos são documentos consistentes, com 200 a 400 páginas cada, que sugerem metodologias estratégicas para melhorar o sistema viário da região.
Todos tiveram que levar em conta os principais projetos já em andamento, como as obras do anel viário, a duplicação da Via Expressa, a recuperação da Ponte Hercílio Luz e o novo aeroporto da Capital.
– Qualquer solução de mobilidade que venha a ser feita não pode ser isolada. Precisa estar integrada com os sistemas de transporte e o desenvolvimento das cidades do entorno – explica o coordenador técnico da SC Participações e Parcerias (SCPar), Guilherme Custódio de Medeiros, que coordena também a Comissão Interinstitucional de Avaliação das Propostas e Acompanhamento, formada especialmente para tratar do assunto.
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Estudo será financiado pelo BNDES
Embora seja o maior beneficiado, o Estado não terá custo algum com a realização do estudo. Toda a iniciativa será financiada pelo BNDES – por meio do Fundo de Estruturação de Projetos (FEP). A assinatura do convênio entre o banco e o governador Raimundo Colombo foi feita no início de abril, durante o lançamento do maior empréstimo captado para o Pacto por Santa Catarina – R$ 3 bilhões, vindos do próprio BNDES.
Constituído com parte dos lucros anuais do banco, o FEP costuma direcionar seus recursos a problemas de abrangência nacional. Até hoje, já foram financiados, por exemplo, iniciativas estruturantes do setor de óleo e gás, energia, aeroportos e portos. Esta, porém, será a primeira vez que o fundo realizará estudos de mobilidade urbana em âmbito regional.
É por isso, e por julgar que se trata de sigilo bancário, que o BNDES não divulga quais são as oito empresas inscritas, nem o valor total do investimento.
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– Temos compromisso com o desenvolvimento do país e sabemos que os problemas estruturais que existem não são tratados de forma abrangente. O que queremos é estimular exatamente isso: mais planejamento e visão a longo prazo que resulte em obras que se implementem em vários governos – explica o gerente de estruturação de projetos do BNDES, Bruno Malburg.
O que o estudo irá consolidar
– A situação da atual infraestrutura viária e dos sistemas de transportes existentes na região formada pelos 13 municípios da Grande Florianópolis
– A identificação dos principais pontos críticos e gargalos
– Os investimentos necessários para a viabilização das alternativas
– As principais restrições técnicas e socioambientais
– A classificação de uma ordem de prioridade de todas as obras citadas como solução, o que facilita na hora de captar recursos e financiamentos
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