Se aprovado pelo Executivo, um projeto de lei municipal garantirá meia-entrada em eventos culturais aos professores dos ensinos básicos e superior. A proposta da Câmara de Vereadores de Blumenau, que beneficiará até 5 mil profissionais, pretende aproximar os formadores de opinião do cenário artístico da cidade. Embora ainda dependa da avaliação do prefeito para vigorar, o projeto deixa apreensivos produtores culturais, que já concedem o benefício a outras categorias.

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::: Projeto da meia-entrada para professores aguarda avaliação do prefeito

– Ninguém subsidia a diferença. As leis aumentaram o número de beneficiários, mas não criaram mecanismos para pagar esse desequilíbrio. Quem vai arcar são as pessoas que compram o ingresso inteiro – argumenta o coordenador cultural do Teatro Carlos Gomes, Rodrigo Dal Molin.

Ele reconhece que a lei é positiva por beneficiar a categoria dos professores, mas alerta que são necessárias novas formas de captação de recursos e subsídios. A organização do teatro estima que metade da plateia atualmente seja beneficiária de algum tipo de desconto. Nos casos de apresentações de comédias, por exemplo, os pagantes de meia-entrada representam 70% da lotação.

– Do ponto de vista de quem tem o direito ao benefício, é um incentivo. Mais positivo seria mudar a ótica para o ponto de vista do artista e do produtor, com a conta repassada para o custo operacional da produção do espetáculo. Penso que seria mais proveitoso fomentar políticas para as produções como um todo. Então, o valor do ingresso seria reduzido naturalmente – avalia o diretor de Cultura da Fundação Cultural de Blumenau, Carlos Schrubbe.

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Texto poderá ter impacto sobre produtores independentes

Caso aprovada, a nova lei também terá impacto sobre produtores independentes como Marco Rovela. O agente da Box Produtora acredita que a nova lei poderá afastar o público das atrações, já que a tendência é o encarecimento do valor integral do ingresso. Ele aponta que o grande problema dessas iniciativas é a ausência de um reembolso ao produtor ou mesmo a isenção da carga tributária.

– O hotel e as companhias aéreas não se interessam se vendi meia-entrada. Querem o valor integral. Quem sofre somos nós, pois os custos continuam os mesmos – avalia o produtor.

Cerca de 75% dos espectadores do show do grupo musical Teatro Mágico – promovido no Teatro Carlos Gomes em setembro deste ano – eram pagantes de meia-entrada, de acordo com Rovela.