Na escadaria que fica aos pés do Monumento aos Imigrantes, em Joinville, a estudante de jornalismo Jéssica Michels, 22 anos, aguarda sentada, com a câmera no colo, pela feminista que será fotografada e entrevistada. A espera e o ponto de encontro, na praça da Bandeira, tornaram-se rotina quase diária na vida da jovem durante o quinto mês deste ano.
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Trinta e uma mulheres. Em comum, a luta pelos direitos de igualdade entre os gêneros. Cada dia, uma delas relata suas experiências, que vão parar no Facebook em forma de texto e cinco fotos. Assim surgiu o ‘Maio em Mulheres’, um projeto experimental que Jéssica desenvolveu para cumprir a grade acadêmica, mas que ganhou as ruas da cidade e o gosto de centenas de pessoas nas redes sociais.
Nos dez primeiros dias de postagens, a página tinha cerca de 350 curtidas, sendo aproximadamente 100 da rede de contatos de Jéssica.
– Ou seja, 250 pessoas que eu não conhecia passaram a acompanhar o meu trabalho. Achei esse resultado fantástico.
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Apesar disso, não foram os números que fizeram a jovem perceber o quanto sua ideia estava crescendo: em poucos dias de projeto, Jéssica foi abordada por algumas mulheres que, por se identificarem com as falas das entrevistadas, viram na página ‘Maio em Mulheres’ um local para desabafar.
– Eu me senti uma psicóloga. Elas me contavam seus problemas, reclamavam de assédio na rua, no trabalho, relataram até experiências de agressão sexual.
A maior parte das mulheres retratadas tem até 30 anos e é estudante de ensino superior ou já formada. Mas isso é apenas coincidência. Embora, na concepção do projeto, a ideia de Jéssica fosse retratar a nova geração de feministas joinvilenses, acabou optando por remover a restrição de idade e ampliar o perfil dessas mulheres.
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Localização geográfica também não foi problema: teve menina de São Paulo, de Florianópolis, de Itajaí… Mas todos os cliques foram feitos em Joinville.
– No início, as pessoas brincavam: ?Será que existem 30 feministas em Joinville?? Hoje, respondo que encontro 30 mil se quiser – conta.
O projeto, aliás, não apenas suscitou debates em torno da temática feminista, mas impulsionou a união dessas garotas, que agora articulam um movimento em prol da igualdade entre gêneros.
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Satisfeita com os resultados obtidos, que inclusive superaram suas expectativas, Jéssica não quer deixar o projeto morrer. Até maio de 2014, pretende fazer pelo menos uma postagem semanal. E, quando o mês mais feminino do ano voltar, pensa em realizar uma segunda edição do ‘Maio em Mulheres’.
– Muitas pessoas tiveram o primeiro contato com o feminismo a partir da minha página, mesmo que de uma forma não acadêmica ou baseada em teóricos. Elas passaram a entender que feminismo não é o oposto de machismo. E não é uma luta só de mulheres, mas de qualquer pessoa a favor da justiça.