Educação, saúde e emprego e renda são os fatores que, de acordo com os dados mais atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem de Joinville uma cidade em que se vive bem. Por isso, nos próximos dias, o Projeto Joinville que Queremos vai colocar em pauta a Qualidade de Vida no município.
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Ao longo da próxima semana, especialistas e autoridades públicas vão dividir suas opiniões sobre os índices que colocam Joinville em uma posição de destaque no cenário nacional, além de apontar os próximos desafios para transformar essa realidade, que já é boa, em uma lista de demandas capazes de melhorar ainda mais.
A pesquisa do IBGE de 2010, que é divulgada a cada 10 anos, foi atualizada no final do ano passado pelo Atlas de Desenvolvimento Humano Brasil 2013, e indicou que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal ficou no patamar de 0,809. O índice monitora a evolução de 5.565 municípios brasileiros, e leva em conta aspectos relacionados às áreas de educação, saúde e emprego e renda.
A partir deles, é calculado um índice que varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento. Neste caso, Joinville ficou na faixa de desenvolvimento humano muito alto (entre 0,8 e 1), o que coloca o Município na 21ª posição do ranking nacional e em quarto lugar em Santa Catarina, empatado com São José, na Grande Florianópolis.
No estudo, a renda per capita média cresceu 90,27% nas últimas décadas. Em 1991, era de R$ 592,18, pulou para R$ 796,17 em 2000 e atualmente está em R$ 1.126,74. A extrema pobreza também caiu para 0,29%. Na última década, o percentual da população economicamente ativa teve um crescimento de 6 pontos percentuais. E a taxa de desocupação passou de 13,54% em 2003 para 4,28% em 2013. O IDMH Educação (0,749) e Longevidade (0,889) também subiram em comparação com a edição de 2003 do Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil.
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De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Municipal e Econômico de Joinville, Jalmei Duarte, os três fatores decisivos no cálculo do IDH são longevidade, renda e educação, e o bom posicionamento de Joinville no ranking é reflexo de uma política de iniciativa e incentivo público que se desenvolveram na cidade na última década.
– Os indicadores da pesquisa Atlas de Desenvolvimento Humano apenas apontam fatores que, para todos os joinvilenses, são praticamente palpáveis. Sabemos que estamos em uma cidade privilegiada por inúmeros fatores que, somados, puxam os índices regionais para cima nos cálculos oficiais – avalia Duarte.
Levando em conta os números oficiais do município e os principais fatores apontados pela Secretaria de Integração e Desenvolvimento Econômico de Joinville, destacamos os principais pontos que colocaram Joinville em uma situação de vantagem quanto o assunto é qualidade de vida, além de elencar quais são os próximos grandes desafios para transformar essa realidade em números reais que superem as marcas históricas da região.
Fatores que colocam Joinville em situação favorável
Educação Municipal
Mesmo com o índice oficial do IBGE situando o IDH educacional de Joinville em um patamar abaixo do nível total municipal (0,749), os números ainda são altos se comparados ao saldo nacional, cuja média é de 0,698. A Secretaria de Desenvolvimento destaca que, ao menos durante os primeiros anos da gestão atual, incentivo e investimento na educação sempre foram uma bandeira muito forte.
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Longevidade
De acordo com o índice de IDH por expectativa de vida, o joinvilense vive em média 78 anos. Em comparação ao ranking nacional, isso coloca o município na 15ª colocação. Para Duarte, o principal fator que potencializa o indicador é o modo de vida que o joinvilense leva, com diversas opções de lazer e entretenimento na cidade, como as academias da melhor idade, além da proximidade com destinos turísticos.
Graduação
Em 2014, Joinville tem 12 universidades, 144 cursos técnicos e mais de 26 mil alunos matriculados. Fator evidentemente impulsionado pelo crescimento industrial e tecnológico da região, o nível de graduação regional. A longo prazo, isso impacta também na distribuição e capitalização da renda municipal, fator que conta muito no cálculo final do IDH.
Empreendedorismo
Na última década, Joinville deixou de ser apenas uma cidade com foco industrial para se tornar também um polo tecnológico. Com parcerias desenvolvidas entre universidades e empresas, a tendência agora é que se abra uma nova gama de setores aptos para o empreendedorismo de alto nível.
Indústria com valor agregado
A recente chegada de duas grandes empresas do ramo automobilístico prometem transformar a realidade industrial joinvilense. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento, essas empresas, que possuem valor agregado por atraírem centenas de empresas de menor porte para suprir suas demandas, também impactam na geração e circulação de renda e capital regional.
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Saúde pública
O salto de Joinville, que pela primeira vez aparece está entre as 100 cidades brasileiras e as dez catarinenses com o maior índice de desenvolvimento, se deve principalmente à evolução do IFDM Saúde, que foi de 0,8706 para 0,8984. Isso, em grande parte, se deve às unidades de saúde regionais instaladas em todas as zonas de Joinville que, apesar das deficiências, suprem uma demanda que muitas outras cidades não conseguem.
Próximos Desafios
Trânsito e Ciclovias
Nas consultas públicas realizadas pelo Ippuj em relação à mobilidade em Joinville, o governo municipal pode perceber uma preocupação especial por parte de quem anda a pé ou de bicicleta, além do interesse em melhorias no transporte coletivo. Pedidos de travessias de pedestres, calçadas e ciclovias, na avaliação do diretor-presidente do Ippuj, Vladimir Constante, coincidem com os planos do Executivo em priorizar os deslocamentos por meios não-motorizados e pelo transporte coletivo nos próximos anos. Na prática, é a pessoa fazer o trajeto de casa até um terminal de bicicleta ou a pé, por exemplo.
Embarcar em um ônibus para uma viagem mais longa. Descer em outro terminal. E alugar uma bicicleta pública neste ponto ou mesmo um carro para resolver suas necessidades perto daquele ponto. A integração entre terminais de ônibus de Joinville e a aposta, recente, em bicicletários e nos planos para aluguel de bicicletas públicas em terminais caminham nesta direção. O diferencial é tornar o transporte coletivo mais rápido e mais atrativo que o carro e dispor de uma maior extensão de ciclovias e calçadas. As metas da Prefeitura e do Plano Diretor convergem nesta direção.
Parques
O Parque da Cidade sempre cheio nos finais de tarde e, principalmente, aos fins de semana, apontam ao governo municipal que a ideia deu certo. Nesse sentido, Joinville tem planos bem conhecidos para aprimorar essa experiência do cidadão com o Programa Linha Verde, que pretende interligar os parques do Boa Vista, Caieiras, das Águas, Porta do Mar. Morro do Finder, Morro do Amaral, da Cidade, das Nascentes, Eixo Ecológico Leste e o caçula Parque São Francisco, que será inaugurado neste domingo.
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Em números totais, o investimento municipal deve ficar em torno dos U$ 15 milhões, com 80% financiados pelo Fonplata e os 20% restantes como contrapartida da Prefeitura. A prefeitura também tem planos para investir R$ 236 mil em espaços para lazer, academia de ginástica da melhor idade, quiosques, parque infantil, paisagismo, reforma com acessibilidade aos sanitários da área do prédio administrativo e receptivo do parque e construção de passeio em deck de madeira para visitação às oficinas líticas.
Aqui, o grande desafio está na conclusão definitiva das obras, além da logística para a interligação dos pontos e, principalmente, a preservação e manutenção das obras depois de entregues. Isso porque grandes pontos turísticos e praças de Joinville tiveram de ser interditados nos últimos anos por falta de cuidados não apenas do Poder Público, mas da própria população local. No quesito parques e lazer, a Joinville que Queremos deve passar obrigatoriamente por conscientização coletiva.
Saúde Pública
Na última década, Joinville aparecia constantemente no rankings de cidades recordistas em queixas contra a saúde pública feitas ao Ministério Público Federal (MPF), ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e à Defensoria Pública da União (DPU). O saldo de reclamações, apesar de assustar, não pode ser considerado ilegítimo. A população de Joinville cresceu, sem que houvesse condições do poder público acompanhar plenamente esse crescimento.
Contudo, recentemente o poder público municipal observou melhorias nos atendimentos dos PAs e no tratamento de pacientes com hepatite B e câncer, por exemplo, que passaram a ter acesso a medicamentos que não estavam sendo há poucos anos. Entre os próximos desafios da saúde pública regional, está a conquista de mais recursos federais e a redução da quantidade de cidadãos que entram na justiça para conseguir tratamentos, cirurgias e remédios específicos.
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Balanços da Secretaria de Saúde de Joinville mostram que cerca de 3% do orçamento da área _ cerca de R$ 10 milhões _ vão para atender a determinações judiciais em anos recentes. Sintoma de que o sistema não dá conta de atender à demanda, o fator indica que as verbas federais são, mais do que um anseio, uma necessidade para colocar em ordem a saúde pública.
LOT
Mais cedo ou mais tarde, a Lei de Ordenamento Territorial (LOT) vai trazer algum impacto na vida de cada um dos moradores de Joinville. Com o objetivo de tentar antecipar esses reflexos _ ou pelo menos parte deles _ uma série de audiências públicas vem acontecendo em Joinville desde o dia 18 de novembro, a fim de apresentar e discutir o projeto da LOT. Depois desses encontros, ainda será realizada uma audiência final, no dia 8 de dezembro, antes do envio da LOT à Câmara de Vereadores, a quem caberá a palavra final sobre o projeto.
A LOT é uma nova versão da antiga lei de uso e de ocupação do solo. Criada em 1996 e revisada em 2010, a lei de ordenamento é uma obrigação imposta pelo novo Plano Diretor, em vigor desde 2008. A primeira versão da LOT chegou a entrar na Câmara de Vereadores em 2011, mas foi retirada após recomendação do Ministério Público. A análise no Conselho da Cidade levou mais tempo que o previsto porque a prorrogação do mandato de conselheiros, em 2012, foi considerada ilegal na Justiça. Os impactos da LOT poderão ser conferidos nas audiências públicas que iniciam nesta terça-feira ou mesmo no site do Ippuj.