Um grupo de cerca de 400 professoras do ensino fundamental de Pomerode irá passar por um projeto social que busca objetivos como a reestruturação emocional e o empoderamento feminino.
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O projeto “Annitas – Pensem Fora da Caixa” será apresentado em um coquetel às 18h30min de hoje, no Teatro Municipal de Pomerode.A intenção principal é contribuir com a reorganização das emoções das professoras e, com isso, permitir que elas provoquem em si mesmas as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer. Mais do que isso, o propósito é as educadoras multiplicarem os conteúdos sobre equilíbrio emocional aos alunos e contribuirem com a propagação do assunto para as novas gerações.
Para o município, segundo os responsáveis, o programa pode trazer como benefício a redução dos índices de afastamento de trabalho, já que transtornos emocionais são apontados como uma das principais causas dessas licenças e Santa Catarina tem 12,9% da população adulta com depressão, o 2º maior índice do país.
O projeto será oferecido nos próximos cinco meses. As educadoras serão divididas em duas turmas. São três módulos de 10 horas cada, baseados em técnicas como análise comportamental cognitiva, neurociência, física quântica e psicologia positiva. O primeiro módulo ocorre no final de maio e o último em agosto. Entre uma fase e outra as professoras participam de workshops com empresárias de sucesso e membros da comunidade. Há também discussões e uma plataforma de interações na web.
Pomerode será o primeiro município a receber o projeto, que até agora só foi desenvolvido em empresas, mas já tem negociações em 12 estados. O nome faz referência à revolucionária Anita Garibaldi. O projeto é realizado pelo Instituto Educação Sem Fronteiras (IesfBrasil) em parceria com a prefeitura de Pomerode.
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Entrevista | Sandra Gaya, psicóloga
O que significa empoderar educadoras e como se pretende fazer isso com o projeto?
O processo de empoderamento do ¿Annitas – Pensem fora da caixa¿ se dá por meio das emoções, na reestruturação delas, ativando todo o potencial que as educadoras têm por meio das emoções. Temos as emoções básicas, que governam nossas ações diariamente. Emoção é o que impulsiona nossa vida. Quando elas estão desestruturadas, a mulher, especificamente no caso do Annitas, todas as áreas da vida dela encontram dificuldades. Há barreiras para lidar com situações do dia a dia. Nossa proposta é trazer toda a ativação dos recursos internos dessas educadoras para que ela possa, a partir daí, se expressar da melhor forma possível em todos os ambientes.Em nível de benefícios, para ela e para o município, emocionalmente bem consigo mesma e com a autoestima elevada, com a motivação interna em equilíbrio, ela vai conseguir expressar tudo aquilo que faz em sala de aula extremamente melhorada, aperfeiçoada. E todo esse processo de empoderamento ela vai poder passar em sala de aula para os seus alunos, que são nossos líderes do futuro.
Elas serão multiplicadoras desse processo.Por que a escolha por Pomerode? Tem alguma relação com índices de transtornos emocionais?
Pomerode é um município que tempos atrás tinha índice de suicídio alto, mas é um município que sempre teve muito cuidado com a população. Eles já vêm fazendo alguns programas para diminuir esse índice e de fato não se encontra mais com aquele estereótipo que tinha no ranking. Hoje temos outros municípios com esses índices mais altos. A escolha ocorreu porque a nova gestão abraçou, está voltada para o bem-estar da comunidade e identifica como de extrema importância trabalhar as questões emocionais das educadoras e servidoras públicas, as questões humanas. Uma vez que a pessoa está de bem consigo mesma, que consegue identificar e até aprender recursos, técnicas para mudar um estado emocional, certamente vai ter produtividade melhor, desempenho melhor, nas relações afetivas também, aprender a identificar questões internas dela mesma, o que leva ela a um tipo de estado emocional. Hoje é muito comum não saberem nem porque sentem determinada emoção. Esse trabalho é para aumentar a visibilidade e modificar padrões, isso vai ocorrer durante o treinamento.
Para quem não irá participar do projeto, como é possível alcançar esse maior equilíbrio ou fortalecimento emocional no dia a dia?
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O primeiro ponto é o entendimento de que quando se fala de emoção se fala de síndrome de ativação fisiológica. Seja boa ou ruim, euforia ou alegria, o corpo da pessoa vai estar ativado. Para mudar esse estado, se eu estou num estado de tristeza, preciso mudar a ativação do meu corpo, o estado interno. Por que treinamentos de imersão trazem resultado bom? Porque a gente trabalha sempre no corpo. Para as pessoas que não vão passar imediatamente pelo programa ou não têm recursos: atividade física. Está num grau de tristeza? Uma caminhada, algo que provoque uma emoção diferenciada. Hoje tem várias informações que a gente tem disponível nas redes sociais, eles podem seguir nossa própria página no Facebook, temos vídeos no Youtube para trabalhar esse empoderamento em que a gente dá dicas diárias, informações. É algo que é de todos os dias. E não é uma única técnica. É uma questão de hábito. Vamos criar condições para que a pessoa desenvolva seu potencial.