Entre as bonecas que fazem companhia a Maiza Mossner, sete anos, no quarto que ela ocupa no Hospital Infantil de Joinville, agora há uma menininha parecida com ela, de vestido rosa e nenhum fio de cabelo. Foi Maiza quem fez a escolha: da boneca e do cabelo raspado, igual ao das outras crianças do setor de oncologia. Maiza chegou à instituição de saúde há alguns meses e, agora, tem passado mais tempo lá do que em casa. A boneca chegou ontem à tarde, pelas mãos das alunas do Projeto de Extensão Voo Livre, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Elas visitaram o hospital para presentear as crianças com câncer internadas com as peças de artesanato produzidas nos últimos dois meses pelos idosos do projeto da Universidade da Terceira Idade.

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Seis participantes do projeto representaram os colegas do grupo, formado por cerca de 50 pessoas com idades entre 60 e 95 anos. Elas lideraram a iniciativa de produzir bonecos carecas e entregá-los aos pequenos, ideia que nasceu nas aulas de artesanato.

— Quando terminamos de aprender a costurar os bonecos, eu quis dar o meu de presente, mas precisava de dois, porque queria presentear duas crianças que são gêmeas. Então, minha colega ofereceu o dela e tivemos a ideia de confeccionar mais, mas fazê-los sem cabelo, para os pacientes com câncer — recorda Maria Goreti Moreira, 63 anos.

A colega com quem ela dividiu a ideia, Clara Munze, 63 anos, conta que todos os participantes do projeto colaboraram com doações de materiais, ainda que as seis visitantes do hospital tenham estado à frente do “nascimento” dos bonecos e bonecas. Elas, que estavam mais acostumadas a visitar outras pessoas da terceira idade — uma das atividades do projeto é levar atividades e apresentações do coral a ancianatos — precisaram de uma dose extra de força para controlar as emoções ao se encontrar com pessoas tão jovens em um ambiente de internação hospitalar.

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— Me lembrei dos meus netos e fiquei pensando em como é importante estarem com saúde — refletiu Zuleide Paes, 60 anos.

Adaptação difícil

Para Maiza, tem sido mesmo difícil permanecer por tanto tempo dentro do quarto do hospital. Ela foi diagnosticada com leucemia em junho e, desde então, já chegou a ficar três meses e meio na internação. Agora, em fase de tratamento com quimioterapia, ela não viu os cabelos caírem. Mas como os colegas da mesma idade do hospital ficaram com as cabeças lisinhas, ela quis ficar igual.

— Eu até estranhei, porque ela tinha o cabelo bem comprido e era muito vaidosa com ele. Mas ela mesma pediu para raspar — conta a mãe, Elia Ribeiro, 35 anos.

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O Projeto Voo Livre abre inscrições no início de cada ano. Podem participar pessoas mais de 60 anos, que realizarão atividades duas vezes por semana, como coral, educação física e artesanato, além de integrarem grupos de passeio.

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