O uso de tecnologia em sala de aula pode ser um aliado importante para o aprendizado dos alunos, quando os recursos são bem aplicados e alinhados ao conteúdo pedagógico. Para estimular a utilização adequada deste recurso, professores da rede municipal de Florianópolis e São José estão recebendo capacitação gratuita entre a parceria privada e social.

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O curso integra o projeto Educonexão da NET. Desde que foi criado em 2011, foram formados 870 educadores no país, em 22 cidades, atingindo uma média de 21.750 alunos.

Com duração de dois meses e carga horária de 60 horas, as aulas são a distância e oferecem aos professores noções de uso de diferentes ferramentas como blogs, sites de pesquisas e softwares livres.

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A gerente de Responsabilidade Social da NET, Daniely Gomiero, explica a teoria do curso está alinhada à prática. Durante as aulas, os professores precisam montar uma webaula usando os recursos disponíveis na internet. No final, eles apresentam o projeto desenvolvido ao tutor e recebem o certificado.

– A gente vê ao final da formação que o professor está com uma autoestima maior. Ele percebe que consegue colocar em prática o que aprendeu e que não é tão difícil assim – observa a gerente Daniely.

O trabalho de formação é feito em parceria com o Instituto Crescer, de São Paulo, que oferece os tutores. Enquanto a NET disponibiliza às escolas ponto de internet de 10 MB e outros dois de TV a cabo para uso de alunos e professores.

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Secretarias municipais podem pedir a capacitação

De acordo com a gerente, não exige contrapartida das escolas. O curso chega às escolas via secretarias municipais de educação e o único pedido é para que incentivem os professores a participarem. O convite aos educadores também é feito em uma palestra, que aborda o uso da tecnologia em sala de aula.

Para a a parceria ser concretizada depende de alguns fatores, como orçamento disponível, infraestrutura da escola e receptividade das prefeituras e das secretarias. Além do fato de a cidade ter NET operando. De 2013 para 2014, o número de vagas disponíveis quintuplicou.

Internet usada contra o bullying

Para discutir o bullying com os alunos do 6º ano B da Escola Básica Municipal Pedro I, em Blumenau, no Vale do Itajaí, a professora Fabiane Leandro Gregol, da sala de informática pedagógica, criou um projeto com WebQuest.

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Espécie de Powerpoint online, o sistema reuniu conteúdo com orientações para os alunos trabalharem o tema com o uso da internet. A proposta foi organizada com a professora Pâmela dos Santos.

Os estudantes tiveram de organizar uma série de tarefas, como montar um folder que incentivasse o fim da violência verbal e física na escola.

O projeto fazia parte da conclusão da capacitação oferecida pela NET com o programa Educonexão, da qual Fabiane participou no ano passado. A proposta das professoras era acompanhada de perto por um tutor, que sugeria como melhorar o trabalho. Para a professora, essa troca foi bastante válida e, além disso, permitiu conhecer o projeto de outros professores, que usaram ferramentas diferentes, como blog e editor de vídeos.

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Para ela, o curso oferecido foi importante para renovar o conhecimento. Apesar disso, acredita que poderia ser mais extenso.

Além do WebQuest, a professora usou outros recursos com os alunos, como o vídeo que trazia a música Jeremy, da banda Pearl Jam, que relata a história de um garoto perseguido, que um dia se cansa e acerta um soco no colega. A professora defende o uso das tecnologias de maneira que possam ser úteis para os alunos fora da sala de aula, como softwares de texto.

Entrevista: Ademilde Sartori, doutora em Ciências da Comunicação

Pesquisadora da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a doutora atua em comunicação e educação, educomunicação, mídia e educação e ecossistemas comunicativos. Para ela, é importante que os professores desenvolvam práticas pedagógicas que, com apoio da tecnologia, estimulem a interação e colaboração dos alunos.

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Diário Catarinense – Tecnologia em sala de aula ajuda de fato o aluno a aprender mais?

Ademilde Sartori – Percebemos que, quando os estudantes estão interessados e se envolvem nas atividades, eles aprendem mais e é notável que as tecnologias digitais são de grande interesse deles. Como professores, devemos desenvolver práticas pedagógicas aplicadas com estas tecnologias que promovam a possibilidade de interação, de colaboração e de criação de novos conhecimentos. Eles também aprendem a utilizar estas tecnologias fora da escola, na vida cotidiana, na resolução de problemas da comunidade, da família e pessoais. E isto traz impactos positivos em termos sociais.

DC – De que maneira os recursos tecnológicos devem ser incorporados à rotina da escola?

Ademilde – De modo que se estimule a colaboração, a participação cidadã, o diálogo entre os pares, e que com isso possa construir mais cidadania, mais respeito, mais solidariedade. As práticas pedagógicas podem, além de proporcionar o uso instrumental dos artefatos e dispositivos, explorar a melhor compreensão das mídias e suas linguagens múltiplas. A convergência digital favorece essa perspectiva. Na escola isso pode ser feito, por exemplo, com a rádio escolar ou jornal escolar, com o uso de redes sociais e a construção de sites e blogs pelos estudantes com os professores.

DC – A escola precisa passar por uma mudança estrutural?

Ademilde – A mudança estrutural é importante sim, mas não se remete à substituição de uma tecnologia por outra e sim pela reorganização dos currículos, da gestão dos recursos, mudanças nas práticas pedagógicas. Além da formação continuada dos professores e qualidade nas condições de trabalho.

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DC – Esta geração precisa de mais estímulos para aprender?

Ademilde – Todos necessitamos de estímulos e aprendemos sempre. O investimento deve ser ampliado, que as políticas públicas sejam melhor pensadas, que o apoio material seja melhorado para que possamos inovar juntos.