De longe é possível notar um objeto fora da rotina acadêmica. No pátio, próximo aos bancos, uma obra de arte retangular e colorida se destaca entre o interminável vai e vem dos alunos. Uma das geladeiras pintada pelo artista plástico Fernando Pauler se tornou uma biblioteca ambulante no Campus 1 da Universidade Regional de Blumenau (Furb).
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Ela e outras duas geladeiras pintadas por Clóvis Truppel e Telomar Florencio fazem parte do projeto Não deixe a Cultura na Geladeira, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Furb. Os três refrigeradores que quase foram parar no ferro-velho ganharam status de geladeiroteca. Elas estão localizadas nos campus 1, 2 e 3 e, dentro delas, cerca de 500 títulos, com a etiqueta do projeto, estão disponíveis para os alunos, servidores e frequentadores da universidade.
O projeto nasceu há seis meses, mas somente há alguns dias ganhou forma. Os acadêmicos ainda passam com olhar desconfiado pelo local. Alguns estranham enquanto outros abrem a porta da obra de arte para saber o motivo pelo qual há, bem ali, no meio do nada uma geladeira cheia de traços já conhecidos pelos blumenauenses.
Uma das pessoas que não tem receio em se arriscar nesta aventura literária é a professora do curso de Matemática Maria Soledad Gajardo, 43 anos, que todos os dias dá uma olhada nos títulos e leva uma nova história para casa.
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– No meu horário de folga dou uma olhada nos livros e pego algo para ler. Na semana passada a geladeira estava lotada agora restam poucos exemplares. No intervalo das aulas é possível ver vários acadêmicos abrindo a geladeira e pegando algum livro. O projeto tem chamado a atenção – observa.
Projeto literário
O idealizador da iniciativa foi o diretor de cultura do DCE, Alan Filagrana. Inspirado em um projeto que conheceu através de seu pai, o acadêmico de Direito levou a ideia ao grupo de estudantes e colocou em prática:
– Perguntamos se os alunos tinham alguma geladeira velha em casa. Depois disso, não demorou para que três delas aparecessem. Conversamos com os artistas e eles embarcaram na ideia voluntariamente. A ideia é circular o conhecimento, por isso vamos revezar as geladeiras entre os campus.
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O principal objetivo do DCE é estimular a leitura dos acadêmicos e não deixar a cultura parada. Quem pega um dos livros que estão dentro das geladeirotecas deve passar a obra adiante logo após a leitura. O projeto conta com doações da Editora da Furb, Fundação Catarinense de Cultura, Editora Hemisfério Sul e acadêmicos. Outras doações podem ser feitas nas sedes do DCE. Não há controle sobre a circulação dos livros.