O ReabilitaCão, criado no Complexo Prisional do Vale do Itajaí, acaba de virar um programa de Estado e agora poderá ser replicado em outras unidades de Santa Catarina. A iniciativa, que acolhe animais abandonados e ensina uma profissão a detentos, também recebeu indicação do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária para se tornar ferramenta de ressocialização nas cadeias do Brasil.

Continua depois da publicidade

Clique aqui e receba notícias de Itajaí e região por WhatsApp

O programa começou há quatro anos, com a construção de um canil dentro do complexo e a oferta de cursos de adestramento canino, auxiliar de veterinário, banho e tosa. Os animais, na maioria das vezes vítimas de maus-tratos, chegam através de uma ONG parceira. Ali, são cuidados pelas mãos dos detentos. Desde janeiro de 2020, cerca de 300 receberam formação e nenhum retornou ao sistema prisional, segundo a superintende de Execução Penal Bruna Logem, criadora do programa.

Para participar, são selecionados aqueles com bom comportamento, que estão em regime semiaberto e não foram condenados por crimes sexuais. São pelo menos 20 internos por turma. A cada três dias de serviço, um dia é reduzido da pena. Pedro*, um primeiros alunos, deixou a prisão há três anos e hoje trabalha com adestramento de cães. Uma nova profissão aprendida quando estava recluso.

— Todo apenado precisa saber que não vai permanecer na cadeia pela eternidade. Todos entram algemados e devendo uma pena à Justiça, mas todos saem livres, podendo fazer algo pela vida. O ReabilitaCão traz essa oportunidade, de encontrar dentro de ti os valores que a sociedade cobra — diz.

Continua depois da publicidade

Os próprios detentos foram responsáveis por construir o canil. Uma entusiasta do programa, Bruna explica que os animais chegam ao Complexo Prisional do Vale do Itajaí em situação muito delicada e na maioria das vezes com medo de pessoas. Então o primeiro passo é a aproximação, que desperta nos alunos sentimentos como empatia e respeito.

De quebra, oferece uma oportunidade para quando saíram de trás das grades.

— Eles são qualificados já com vista da inserção no mercado de trabalho — afirma Bruna.

Leia mais

Como é o gigante e bilionário navio de guerra da Marinha construído em Itajaí; veja fotos

Pediatras são afastados de hospital após mortes de bebês em Balneário Camboriú

SC tenta financiamento internacional para obras contra enchentes e revê meio bilhão do PAC