Foram 124 projetos inscritos, mas somente dez selecionados. O concorrido edital ?Gestão Escolar para Equidade – Juventude Negra? do Instituto Unibanco, divulgou nesta quinta-feira, no Dia da Consciência Negra, os dez contemplados, incluindo um projeto de Criciúma, no Sul do Estado.

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O representante catarinense se chama “Anarquistas contra o Racismo (ACR)” em parceria com a Escola Estadual Rubens de Arruda Ramos e é de autoria de Ivan Ribeiro, um dos coordenadores da ACR em Criciúma. A iniciativa envolve 304 alunos, sendo 205 estudantes de Ensino Médio.

O objetivo do projeto é estimular o empoderamento de 30 jovens estudantes negros e negras por meio de oficinas, rodas de conversa, vídeos, debates e outras atividades sobre direitos humanos, racismo e discriminação, a serem desenvolvidas na escola. O projeto inclui também formação dos profissionais da escola para a temática étnico-racial.

– Quando me mudei para Criciúma em 1996, trouxe as discussões e estudos que conhecia da ACR, criada em São Paulo em 1992, para a cidade. O edital encaixou perfeitamente na nossa área, e nos deu a chance de por em prática algo que debatemos há quase duas décadas – explica Ribeiro.

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Para o professor de história, a melhor forma para entender e eliminar o preconceito é manter contato com quem sofre com ele e dar a chance para que trabalhem questões de autoestima, geração de renda, mídia e empreendedorismo.

– Quem ganha com isso não só os diretamente envolvidos com o projeto, mas a sociedade inteira – finaliza.

Conheça os dez projetos selecionados:

Projeto: Escola Estadual Nair Mendes Moreira

Local: Contagem (MG)

Número de alunos de Ensino Médio: 359

Projeto: Nuvem ONG em parceria com o Colégio Estadual São Francisco de Assis (Educação do Campo)

Local: Campo Largo, região metropolitana de Curitiba (PR)

Número de alunos: 136 alunos de Ensino Médio (390 no total)

Projeto: Anarquistas contra o Racismo (ACR) em parceria com a Escola Estadual Rubens de Arruda Ramos

Local: Criciúma (SC)

Número de alunos: 205 estudantes de Ensino Médio em um total de 304.

Projeto: Escola Estadual Sebastião de Oliveira

Local: Apori (RN)

Número de alunos: 50 alunos de Ensino Médio, sendo que a escola atende 135 estudantes no total.

Projeto: Associação Grãos de Luz em gestão compartilhada com a Associação Beneficente dos Pescadores do Remanso em parceria com a escola Centro Educacional Renato Pereira Viana

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Local: Lençóis/BA

Projeto: EEEP Marta Maria Giffoni de Souza

Local: Acaraú (CE)

Projeto: Escola de Ensino Fundamental e Médio Deputado Joaquim de Figueiredo Correia

Local: Iracema (CE)

Número de alunos: 388

Projeto: Associação Remanescentes Quilombolas do Cigano em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Odilon Hiolanda Pontes (ARQUIC)

Local: Tracuateua (PA)

Número de alunos: 30 alunos do Ensino Médio (370 no total).

Projeto: Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará

Local: Belém (PA)

Número de Alunos: 400 alunos de Ensino Médio (1.491 no total)

Projeto: Colégio Estadual de Cristalândia

Local: Cristalândia (TO)

Número de estudantes: 249 alunos de Ensino Médio dentre um total de 679 estudantes.

Edital apoiará projetos durante um ano

Lançado em agosto pelo Instituto Unibanco, o Fundo Baobá e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o edital prevê apoio técnico e financeiro para que os projetos selecionados possam ser desenvolvidos em escolas públicas de Ensino Médio ao longo de 2015.

Ao longo da vigência do edital, a UFSCar acompanhará e documentará os projetos. Ao final, serão sistematizadas todas as experiências e as mais exitosas serão divulgadas com o intuito de servirem como inspiração para outras escolas.

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Desigualdade educacional segue evidente

Dados da Pnad (2012) apontam que escolaridade média do homem negro é de 6,9 anos, enquanto que a do homem branco é 8,7 anos, da mulher branca é 8,9 anos e da mulher negra é 7,4 anos. A Pnad 2013 constatou que 54,4% dos brancos entre 18 e 19 anos haviam concluído o Ensino Médio enquanto apenas 35,7% dos negros na mesma faixa etária concluíram esta etapa da educação básica. As disparidades reveladas pelos indicadores escolares estão diretamente vinculadas às relações raciais dentro e fora da escola.