No alto do morro do Boa Vista, em Joinville, o Complexo Cultural Bolshoi Brasil – com 31 mil metros quadrados de área construída, em terreno de 500 mil metros quadrados – impera imponente em meio à natureza.
Continua depois da publicidade
Nas instalações, uma torre de 18 andares para alojamento de alunos e professores (sendo o último um mirante para a Baía da Babitonga) e um prédio com quatro andares para a escola, onde há um teatro com 1.100 poltronas e um cinema. A construção tem capacidade para mil alunos e existe desde 2003 – mas apenas no papel.
Há exatamente dez anos, A Notícia publicou matéria informando sobre a entrega do projeto elaborado por Oscar Niemeyer. A ele, seriam pagos pelo Governo do Estado R$ 920 mil, em seis parcelas. Paisagismo, fundação e outros itens do projeto seriam entregues ao Bolshoi conforme ocorresse o pagamento.
Em 2006, no entanto, quando apenas duas parcelas haviam sido quitadas, o Ministério Público Federal e o Ministério Público de Santa Catarina abriram uma ação civil pública de improbidade administrativa questionando o valor contratado com a equipe do arquiteto.
Continua depois da publicidade
O processo correu até agosto deste ano, quando os réus foram absolvidos. Desde então, o projeto permaneceu parado. Na época, o complexo artístico custaria R$ 40 milhões – recurso que viria do Estado, do Município, de parcerias com a iniciativa privada e por meio de mecanismos como a Lei Rouanet. Agora, para que a construção comece, toda a proposta deverá ser reavaliada, de acordo com o presidente do Instituto da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, Valdir Steglich.
– Ainda existe a dívida com os herdeiros de Niemeyer. O valor precisa ser recalculado, inclusive, em decorrência de todo o tempo que se passou. De nossa parte, precisamos repensar o projeto arquitetônico, levar em conta o impacto ambiental e avaliar se ainda queremos a estrutura da forma como foi concebida. Só então saberemos quanto vai custar tudo e de que forma poderemos captar essa verba.
Em 2006, o então governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, aprovou a captação de R$ 2,7 milhões, provenientes do Funcultural, para elaboração dos projetos hidráulicos, elétricos e de climatização da nova sede. Mas, por causa do processo judicial, o prazo expirou e, segundo Valdir, a busca por recursos terá que começar do zero.
Continua depois da publicidade
– Eu defendo o projeto original, que é lindíssimo e não pensa apenas na escola, mas em ser um espaço cultural pra toda a cidade. Poderíamos, por exemplo, aproveitar a natureza do entorno e criar um parque ou, quem sabe, um museu da dança. Mas nossa principal preocupação, no momento, é dar condições para que o Bolshoi se auto sustente financeiramente. Hoje, precisamos de R$ 6 milhões ao ano e esse valor aumentaria com uma construção tão grandiosa – explica o presidente.
Ainda em 2006, a Fundação Cultural de Joinville (FCJ) passou a escritura do terreno no Boa Vista para o nome do Bolshoi . Nas promessas de campanha, o prefeito de Joinville, Udo Döhler, falou na construção de um Teatro Municipal na Expoville, e em levar o Bolshoi para lá. Agora, no entanto, esta possibilidade está descartada.
– Certamente há interesse da Prefeitura em contribuir com a proposta de Niemeyer, mas a escola vai precisar angariar fundos também em outras fontes. Atualmente, é mais viável construir um teatro na Expoville do que no Boa Vista, simplesmente porque o custo do projeto de sede para o Bolshoi é muito maior – afirma o presidente da Fundação Cultural e vice-prefeito, Rodrigo Coelho.
Continua depois da publicidade
COMO SERIA A SEDE
Espaço: 31 mil metros quadrados de área construída em 500 mil metros quadrados de terreno.
Torre: 18 andares para alojamento de alunos e professores, sendo o último um mirante para a Baía da Babitonga.
Teatro: com 1.100 lugares, em forma espiral, lembra o movimento de uma pirueta.
Escola: em quadro andares, com salas de aula para dança, estúdios de música, camarins, biblioteca, enfermaria e quadra de esporte.
Espaço cultural: com memorial, cinema, cyber café, lojas, sala de exposições e convenções.