Um projeto de lei que proíbe e participação de crianças e adolescentes em práticas de tiro tem revoltado integrantes da modalidade do Vale do Itajaí. A proposta, de autoria do deputado Florisvaldo Fier (PT-PR), tramita na Câmara e estabelece pena de três a seis anos para diretores, gerentes e funcionários de clubes, academias ou outros locais que aceitarem menores, mesmo acompanhados, nas aulas.

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O deputado alega que “a admissão indiscriminada de crianças e adolescentes pode gerar situações perigosas para a sociedade, como potenciais delinquentes e até candidatos a terroristas treinados.” Se aprovado, o projeto alteraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Estatuto do Desarmamento.

Diretor da modalidade carabina apoiada da Federação Catarinense de Caça e Tiro esportivo, Antônio de Andrade questiona como os atletas irão se formar no esporte, já que a preparação para um atirador profissional leva, em média, oito anos.

– O Brasil sempre teve bom desempenho no tiro, e nunca ouvi falar que qualquer desses atiradores tenha matado alguém. Pelo contrário, são pessoas calmas, educadas e que sempre tiveram apoio da família – contesta.

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Presidente da Associação dos Clubes de Caça e Tiro de Blumenau, Moacyr Flor considera estranha a proposta do deputado. Ele explica que o tiro é uma tradição mantida desde as primeiras gerações que chegaram cidade. Em Blumenau, o primeiro Clube de Caça e Tiro, ou Schützenverein, foi fundado em 1859. Atualmente, pelo menos cinco clubes têm a prática do tiro ativas: Garcia-Jordão, Velha Central, Itoupavazinha, Testo Salto e 1º de Janeiro.

O autor da proposta admite que ao apresentá-la não lembrou dos jogos que usam armas. Por este motivo, alega que exceções serão acrescentadas para não prejudicar quem pratica o esporte. Segundo ele, a intenção do projeto é impedir o aumento da criminalidade entre jovens.

– Não quero impedir quem participa desta modalidade. A preocupação é quanto a lugares obscuros que fazem treinamento com armas, onde qualquer pessoa aprende a matar. Os autores de crimes estão cada vez mais novos. É preciso dificultar o acesso deles a esses lugares – declara o deputado.

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O projeto de lei será analisado pelas comissões de Turismo e Desporto, de Seguridade Social e Família, de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votada pelo Plenário.