“O primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer”, diz um dos cartazes colados na parede do Multicentro Zilda Bornschein, da Fundação Padre Luiz Facchini, na zona Sul de Joinville. De segunda a quinta-feira, crianças e adolescentes passam pelos cartazes com frases motivacionais e participam das atividades oferecidas gratuitamente pelo Projeto Cidadão do Futuro, na rua Natanael Amorim Vieira, no Jardim Edilene, no bairro Paranaguamirim.
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Entre as tantas histórias que poderia indicar para esta reportagem, o educador e um dos coordenadores do projeto, Alcides Porcincula Junior, escolheu a das amigas Stephany Carolina Gonçalves, de 12 anos, e Letícia Rechembak, 14.
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Moradoras do bairro Paranaguamirim, nos últimos anos elas se destacaram jogando basquete. O desejo de vencer das meninas surgiu ali, quando elas deram os primeiros passos no esporte, ensinadas pelo professor Alcides desde 2014, assim que o projeto chegou ao bairro. Antes disso, elas mal sabiam pegar numa bola de basquete. Agora, as duas exibem orgulhosas as medalhas e troféus que receberam em competições regionais e estaduais.
– Foram dois talentos descobertos aqui. É motivo de orgulho para nós. Elas têm a oportunidade de viajar pelo Estado, de conhecer lugares que talvez nós não teríamos como levá-las. E também tem a amizade, o respeito e a disciplina que é proporcionada a elas – afirma a mãe de Letícia, Edilene Heinkel Buss.
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– Elas vão treinar juntas, voltam juntas, vivem juntas. Elas também fazem aula de violão e futsal aqui. Além de prestar um serviço de educação e assistência, eu vejo que aqui também se forma uma família – diz Edilene.
A mãe de Letícia conta que o filho, Leonardo, de 15 anos, também fazia aula de violão no projeto, mas parou para trabalhar. O pai, Edevaldo Rechembak, lembra que a filha Giovana, de oito, já segue os passos da irmã no basquete.
Foi em 2015 que a dupla passou a jogar pela Sociedade Ginástica, o time feminino de Joinville no basquete. Mas elas continuam as aulas com o professor Alcides na fundação, a quem são muito gratas. Edevaldo lembra que elas foram evoluindo no esporte até se tornarem destaques em suas categorias.
– Só temos a agradecer ao professor Alcides – diz Stephany. – Foi ele que nos ensinou a jogar – completa Letícia.
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As duas são motivos de orgulho para os pais, que, quando podem, acompanham as garotas nos jogos em outras cidades. Os pais reconhecem os benefícios que o Projeto Cidadão do Futuro traz para a comunidade.
– É um incentivo para as crianças não ficarem na rua. Esse projeto é muito bom – diz Marilene da Silva Ferreira, mãe de Stephany.
Além do basquete, o Projeto Cidadão do Futuro oferece aulas de futsal, vôlei, informática, artesanato e música – com violão, teclado, percussão e sopro. Os jovens também participam da Oficina da Cidadania, na qual são ensinados temas como a garantia de seus direitos e participam de palestras antidrogas. As atividades são abertas para crianças e adolescentes com idades entre seis e 17 anos. Segundo Alcides, a maioria está em situação de vulnerabilidade social.
A entidade se mantém por meio de parcerias, doações e um convênio com a Prefeitura. A entidade também participa de editais do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O projeto iniciou em julho de 2014, quando o Rotary Clube de Joinville construiu o ginásio de esportes no terreno que é da fundação. Mais de mil crianças já foram atendidas pelo projeto. Cerca de cem crianças participam das atividades diariamente.
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Comida e voluntariado
A Fundação Padre Luiz Facchini também mantém uma cozinha comunitária no bairro Jardim Edilene. Todos os dias, entre 50 e cem refeições são oferecidas no local. Para receber almoço, as famílias devem estar cadastradas no Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Mas ninguém que chega ali fica sem comida, garantem as cozinheiras. A equipe da cozinha é formada por mulheres voluntárias do bairro. Elas contam que só fazem o que fazem pelo gosto de ajudar o próximo.
– Eu amo trabalhar com comida. E nós temos que fazer a obra de Deus – afirma a cozinheira Edineia Reis, de 53 anos, que no dia 18 de abril preparava o almoço com as colegas Roseli Cavalheiro, de 44, e Odete da Costa, de 35.
Ao todo, são nove voluntárias que se revezam para alimentar as crianças do bairro. No dia da visita do “AN”, o cardápio era arroz, feijão, macarrão e frango. As cozinheiras contam que o cardápio varia entre frango, salsicha e peixe. Nem sempre tem fruta e verdura. Por isso, doações de alimentos sempre são bem-vindas.