A data de 25 de julho lembra um episódio marcante da história de Blumenau. Há exatos cinco anos, a morte de Bianca Wachholz, assassinada pelo companheiro na frente da própria mãe, chocava a cidade. O crime, no entanto, não foi o único a despertar sentimento de revolta e indignação nos moradores. Doze meses atrás, o corpo da jovem Jéssica Ballock era encontrado no apartamento em que ela morava junto com um dos filhos, que também estava morto. O responsável foi, mais uma vez, o parceiro da vítima.
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Duas trajetórias interrompidas de forma brutal e que viraram tema de um podcast produzido por alunos para homenagear essas mulheres e reforçar a luta contra o feminicídio.
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O projeto denominado “Por elas” foi construído por estudantes do curso de jornalismo da Unisociesc, em Blumenau. A ideia de falar sobre o assunto, de acordo com os universitários, veio depois da proposta das professoras Marta Brod e Ana Vasconcelos, que sugeriram a elaboração de um material investigativo durante o primeiro semestre de 2023.
— Queríamos abordar o assunto, mas no sentido de colocar em evidência as mulheres que perdemos, tirando elas das estatísticas e mostrando que, por trás dos números, existiam pessoas que levaram consigo sonhos e planos para um futuro que nunca chegou. Optamos por não falar muito dos agressores para podermos finalmente dar voz a essas mulheres — explica Manoella Naumann, uma das alunas envolvidas no projeto.
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Em quatro episódios, os estudantes intercalam as duas histórias escolhidas com uma série de pesquisas relacionadas ao feminicídio em Santa Catarina e no Brasil. Em entrevistas exclusivas, eles também conversam com familiares das vítimas que recordam a vida pessoal de Bianca e Jéssica enquanto mulheres que tinham os próprios objetivos e metas.
A narração ainda relaciona ambas as trajetórias com a artista mexicana Frida Kahlo, criando uma ligação de força e resistência entre as três mulheres. O podcast completo está disponível no Spotify e pode ser ouvido gratuitamente na plataforma.
Relembre os casos
A morte de Bianca Mayara Wachholz, em 25 de julho de 2019, chocou moradores de Blumenau pela brutalidade do crime. Aos 29 anos, ela foi assassinada pelo ex-companheiro na casa da mãe, com um tiro na cabeça. A jovem morreu nos braços da familiar, dona Sônia Wachholz, que faleceu em 2020 após sofrer uma parada cardíaca.
Pouco antes do crime, Bia — como era conhecida — organizava um projeto sobre a luta da violência contra a mulher, que se chamaria “Entre elas”. A jovem, no entanto, não teve tempo de colocar a iniciativa em prática, mas a ideia acabou abraçada por amigas dela. A partir disso, surge o Instituto Bia Wachholz, que busca oferecer amparo às vítimas de violência e maus-tratos, de forma gratuita.
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Já em 2022, no dia 24 de julho, Jéssica Mayara Ballock foi morta a facadas pelo atual companheiro no apartamento em que moravam. Junto com ela, o filho de apenas três meses também foi assassinado pelo pai. Os corpos deles foram encontrados um dia depois. A jovem ainda deixou outro filho que, na época, tinha pouco mais de um ano.
Hoje, 25 de julho ficou marcado como o dia de luta contra o feminicídio em Blumenau, conforme a Lei 8.730, instituída em junho de 2019 no município e que leva, também, o nome de Bia Wachholz em homenagem a vítima.
*Sob supervisão de Augusto Ittner
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