Um projeto desenvolvido por professores e alunos do Instituto Federal de Santa Catarina, Câmpus Xanxerê, será testado na Estação Espacial Internacional em 2019. Eles querem avaliar a filtragem de água em situação de microgravidade, para que ela possa ser reutilizada em viagens espaciais.

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O projeto Capilaridade versus Gravidade no processo de filtração foi o vencedor da competição Garatéa-ISS, que seleciona experimentos de estudantes de 10 a 17 anos, para serem enviados a testes no espaço, dentro do Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes.

Ele já é realizado há mais de 10 anos no Canadá e Estados Unidos e, há dois, chegou ao Brasil, numa iniciativa do engenheiro espacial Lucas Fonseca, que criou a missão Garatéa-ISS. Ela foi originada em parceria com a Universidade de São Paulo, Fundação de Apoio à Física e Química e, com o patrocínio de Airvantis, Braskem e Instituto TIM.

De acordo com o professor de Matemática do IFSC de Xanxerê, Daniel Ecco, a iniciativa partiu da aluna Renata Müller, que viu o concurso em uma revista especializada em ciência. Ela convidou os colegas do 2º ano do Ensino Médio, Roberta Debortoli, Ricardo Cenci e Isabela Battistella.

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– Foram nove semanas, a gente primeiro queria pesquisar sobre oxigênio, mas depois vimos que não daria certo e partimos para a filtragem da água. Pesquisamos o filtro de barro que utiliza o carvão ativado que tem ótima absorção. Nas últimas três semanas trabalhamos todas as tardes no projeto, com orientação dos professores – explicou Cenci.

Equipe foi convidada para expor os resultados nos EUA

Além do professor Daniel Ecco, também participaram da orientação os professores de Química Andréia Weber e Victor Bernardes.

Ecco disse que nos filtros de barro a água é purificada por gravidade e que isso não ocorre no espaço. Sendo assim eles usaram a regra da capilaridade.

– Esse princípio é simples e donas de casa sabem que, deixando um pano metade para fora e metade para dentro num balde com água, o líquido vai subindo pelos poros. Usamos isso no filtro, onde a água sobe pelo carvão. Para isso tivemos que fazer um "respiro", para a saída do ar – explicou.

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Grupo precisa de ajuda para viajar aos EUA

O protótipo desenvolvido pela equipe é um tubo de 12 centímetros com carvão, algodão, um tubo de pvc e a parte líquida, com azul de metileno.

O projeto foi escolhido entre 4,2 mil estudantes, de 172 escolas. Na primeira etapa foram selecionados 61 experimentos e, posteriormente, três chegaram à final.

O modelo desenvolvido em Xanxerê será encaminhado para a Agência Espacial Americana, Nasa, onde um astronauta o levará para o espaço, em junho ou julho de 2019. A equipe também foi convidada para acompanhar o lançamento do foguete – que levará o experimento – na Flórida, além de expor os resultados em Washington DC, capital dos EUA.

– Ficamos muito felizes com o resultado, pois leva o nome da nossa cidade e agora vamos buscar recursos para participarmos do lançamento – disse Cenci.

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