Um projeto de quatro estudantes catarinenses está a bordo de um foguete que decolou na última quinta-feira (25) a caminho da Estação Espacial Internacional. Um filtro de água baseado na moringa, algo bem brasileiro, é a base do experimento “Capilaridade x Gravidade no Processo de Filtração”.
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O projeto foi desenvolvido por quatro alunos do segundo ano do ensino médio do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) – Campus Xanxerê: Isabella Battistella, Renata Müller, Ricardo Cenci e Roberta Debortoli.
Contra mais de 4 mil estudantes de 172 escolas brasileiras, os catarinenses venceram a competição Garatéa-ISS, iniciativa desenvolvida pela Missão Garatéa (a palavra vem do tupi-guarani e significa busca vidas) e apoiada pelo Instituto TIM. Os adolescentes visitaram os Estados Unidos no início de julho e apresentaram o projeto durante a Conferência Nacional do Programa de Experimentos Espaciais de Estudantes, na Virgínia.
Em entrevista ao Notícia na Manhã desta terça-feira, na CBN Diário, o diretor da Missão Garatéia, engenheiro espacial Lucas Fonseca, explica que três projetos brasileiros foram mandados para os Estados Unidos, onde foi escolhida a iniciativa vencedora, em parceria com a Nasa.
— A ideia dos estudantes catarinenses é diferenciada, muito bacana, e pode ter uso real. Hoje a filtragem no espaço é feita por iodo, que pode ser nocivo. Fazer isso através do carvão ativo poderá ser utilizado no futuro em estações e até moradias permanentes no espaço – explica Fonseca, único brasileiro que participou do projeto da Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que levou uma sonda à um cometa pela primeira vez na história.
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Ouça a entrevista:
Tudo começou com a aluna Renata Muller. Apaixonada por astronomia, a estudante ficou sabendo do Garatéa-ISS quando lia a revista Galileu. Ela apresentou a ideia para os colegas e aos professores para inscrever o IFSC.
Com a equipe formada, foi o momento de desenvolver o projeto, intitulado “Capilaridade vs Gravidade no processo de filtração”. Basicamente, os alunos e professores propuseram um sistema de filtração de água baseado na moringa, filtro de barro brasileiro, já que ele é considerado um dos melhores do mundo (segundo a revista The Drinking Water Book).
Este filtro tem o funcionamento baseado na gravidade, ou seja, é através dela que a água passa pela vela e é filtrada, sendo que o principal componente responsável pela filtração é o carvão ativado. O experimento pretende testar um método de filtração independente da gravidade, para que a água seja filtrada no espaço, onde a gravidade é quase zero, e para isso contamos com a capilaridade.
O experimento será feito em um tubo de ensaio, dividido ao meio por uma camada de carvão ativado, o responsável pela filtração. Em um dos extremos ficará uma solução de azul de metileno, que é a substância a ser filtrada, e o outro extremo será o destino dessa mesma substância já filtrada.
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