A proposta do Ministério do Desenvolvimento de estabelecer cotas para a entrada de vinhos finos no país divide importadores e parte das empresas nacionais. Os defensores apontam que a salvaguarda evitaria que os produtores fossem à bancarrota. Aqueles que se opõem afirmam que haverá aumento de preço e queda da qualidade.

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A proposta do governo não foi bem recebida por donos de restaurante e chefes de cozinha. Em São Paulo e Rio de Janeiro, as vinícolas que arquitetaram a ideia de salvaguarda tiveram seus produtos retirados do cardápio. Também insatisfeitos, consumidores reclamaram nas redes sociais e ameaçaram boicotes aos produtos. Diante da repercussão negativa, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) contra-atacou esmiuçando as medidas para o mercado.

A primeira explicação é de que não haverá aumento de impostos, como chegou a ser divulgado. Seriam criadas cotas com base na média de compras dos três últimos anos para todos os rótulos que são comercializados no Brasil. A medida seria implementada para que a participação de vinhos finos nacionais no mercado seja recuperada.

O cenário atual é de crescimento do consumo entre os brasileiros, mas diminuição da produção nacional. Enquanto as vendas subiram 35,1% no intervalo de 2006 até o ano passado, a oferta de garrafas envasadas no Brasil caiu 23,1% no período.

Como contrapartida às salvaguardas haveria um Plano de Ajustes. O diretor executivo da Ibravin, Carlos Raimundo Paviani, explica que seria promovida a substituição de vinhedos antigos e não produtivos, modernização de tanques de estocagem de vinhos e investimento em comunicação e marketing para aumentar o valor das marcas.

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De acordo com a Ibravin, ao final da vigência das medidas de proteção, que durariam três anos, os vinhos finos brasileiros teriam mais qualidade e preços mais acessíveis. Desta maneira, as empresas estariam em condições de competir com os vinhos finos importados.

A associação que reúne os produtores catarinenses (Acavits) ainda não tomou uma posição sobre o assunto. Um encontro será realizado na sexta-feira da semana que vem para analisar a proposta.

O pedido de salvaguardas será examinados por uma equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento e não existe prazo para uma decisão. Mas a assessoria de imprensa do governo acredita que a definição sairá em até seis meses após a apresentação da proposta, o que ocorreu em 15 de março. As associações da indústria nacional e os importadores serão chamados para expor seus argumentos. Haverá ainda uma investigação e análise de dados contábeis e fluxos comerciais dos vinhos finos.