A história de Dick e seu filho, Dick Hoyt, emocionou o mundo em 2012. O pai resolveu fazer uma prova de triatlo carregando o filho nos braços ou empurrando uma cadeira especial. Levou horas a mais do que outros competidores para chegar à linha final, mas conquistou mais do que um lugar no pódio: ganhou a admiração de milhões de pessoas pelo mundo. O vídeo é um dos mais assistidos do YouTube na categoria de motivacionais. Enquanto isso, em Joinville, um corredor de rua se esforçava para reduzir o peso de 95 quilos para um número que ficasse perto dos 70 kg.

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A luta de Cleiton Luiz Tamazzia começou a chamar a atenção do primo, o cadeirante Rodrigo Tamazzia.

– Ele me incentivava muito. Era o primeiro a me mandar mensagens logo após cada corrida. E isso me tocou muito. Então, um dia perguntei: ‘O que você acha de correr?’ – diz o corredor.

Cleiton emprestaria as pernas, a força para empurrar a cadeira, como o pai norte-americano fez com o filho. Juntos, passando obstáculo após obstáculo, até a chegada. No ano passado, Cleiton tomou então a decisão de levar o primo para fazer uma das provas. A primeira corrida foi feita com uma cadeira de rodas normal.

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– Logo nos primeiros 200 metros, a cadeira quebrou, mas a gente foi até o final – diz.

A emoção de cruzar a linha de chegada havia plantado uma semente na dupla. Estava na hora de comprar uma cadeira um pouco mais resistente, adaptada para esse tipo de esporte. E foi isso o que fizeram.

Os dois já são conhecidos dos corredores de rua de Joinville. A cada corrida, lá estão eles, emocionando quem participa das provas e quem as assiste. Nasceu, então, o Projeto Pernas Solidárias Joinville. A proposta é simples: conseguir mais cadeiras e voluntários para fazer com que as pessoas que não podem andar possam participar das provas, com segurança e, principalmente, desafiando o improvável.

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O projeto já ganhou o interesse de outros lugares. Um grupo já manifestou que deve colocá-lo em prática em São Francisco do Sul. E do interior de São Paulo já partiu até ajuda financeira para comprar outras cadeiras. Há dez dias, os dois fariam uma prova de dez quilômetros. A ideia era Cleiton revezar cinco quilômetros com o primo Rodrigo e outros cinco com o pescador e atleta Gustavo Douat. Um problema de saúde com a mulher de Rodrigo o impediu de participar da prova. E Gustavo foi quem emocionou os participantes da corrida. Douat era colega de treino de Cleiton, mas no começo do ano descobriu um câncer que começou a debilitá-lo. Assim, por causa das sessões de quimioterapia e das dificuldades causadas pela própria doença, teve de parar de treinar.

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A ideia agora é juntar dinheiro, apoiadores e interessados em fazer o projeto ganhar força. Ele criou uma página no Facebook e já atraiu a atenção de milhares de pessoas. No próximo dia 13 de novembro, o projeto vai percorrer as ruas de Brusque e, no dia 27, receberá até uma homenagem em Jaraguá do Sul. Assim, eles correm atrás das conquistas, empurrando solidariedade.