– Um caranguejo! – gritou uma criança, apontando para o chão.
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Logo se juntaram mais cinco ao redor de um buraco minúsculo. E permaneceram ali à espreita, esperando o crustáceo sair da toca. O espanto ocorria a cada passo que as crianças davam a caminho do manguezal no limite com o muro do Centro de Educação Infantil (CEI) Espinheiros. O mangue, além de ser espaço para passeio e divertimento, é o lugar onde as crianças aprendem a preservar a natureza.
Ao caminhar pela rua, beirando o manguezal, os pequenos se espantavam com os dejetos jogados em meio à vegetação.
– Olha ali!
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– Ui, que nojo!
– É lixo!
Essas frases saltavam da turma de 23 crianças. Passear pela beira do mangue é uma das atividades que integram o Projeto Na Enchente da Maré – Uma Aventura no Berçário do Mar, um dos ganhadores da 21ª Edição do Prêmio Embraco de Ecologia em 2013. Palestras sobre a destinação correta do lixo foram ministradas aos pais dos alunos do CEI como outra ação do projeto.
A diretora do CEI, Maria Eli Santos Rabthge, liderou um mutirão que recolheu duas toneladas de lixo depositado à beira do mangue. Pais e professores participaram. Os rejeitos foram levados à subprefeitura Leste no dia 26 de abril. No passeio com as crianças, quase 20 dias depois, mais rejeitos de construção civil e de outros resíduos estavam jogados aos montes, desta vez um pouco mais distante da escola infantil.
– Estão usando o mangue como aterro – reparou a bióloga Patrícia de Luca Greff, consultora do prêmio.
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Patrícia acompanhou os alunos e professores no passeio pelas margens do mangue. O material depositado ali oferece riscos aos pequenos e aos moradores. A bióloga conta que as cobras, principlamente as d’água e as dormideiras, encontram abrigo e alimento nos entulhos. Mesmo que essas duas espécies não sejam peçonhentas, existe o risco de aparecer uma ou outra cobra venenosa, como a jararaca.
A diretora lembrou que o centro já foi interditado e teve o parque das crianças reformado por causa da invasão das cobras. Pneus tiveram que ser retirados porque serviam como abrigo para esses répteis.
Faz parte do projeto a construção de um observatório do mangue. No alto de uma pequena montanha feita de aterro será montado um barco. Como marujos, as crianças ficarão de olho no maguezal.
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Os resultados do projeto são evidentes nas vozes dos pequenos, mesmo que os rejeitos insistam em aparecer. Na jornada pelo mangue, em dupla, de mãos dadas, eles se entristeceram com o que econtraram.
– Acho que vou chorar – disse uma menina ao tapar os olhos com as suas mãos e a da amiga quando começou a ver os montes de dejetos espalhados pelo mangue.
Não há para onde correr.
– O problema é geral – explicou a diretora.
– Se não for pela educação, não haverá mudanças. Trabalhamos pelo futuro -completou Maria Eli Rabthge, lembrando que nesta quinta se comemora o Dia Mundiald o Meio Ambiente.
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