Enquanto muitos nativos de Florianópolis ainda se ressentem das mudanças que, pouco a pouco, transformam a antiga cultura local em uma nova mistura de tradições e costumes, a comunidade do Ribeirão da Ilha – segundo mais antigo distrito da Capital, depois de Santo Antônio de Lisboa – trabalha ativamente para preservar e levar adiante aquilo que possui de mais único, mostrando que a passagem do tempo pode ser uma aliada da história.
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Foi só porque o tempo passou, trazendo mudanças, que a Banda da Lapa – uma das mais antigas do país, em atividade contínua desde 1896 – pôde se equipar com novos instrumentos e até um computador, que servem para transmitir às novas gerações uma tradição já centenária. Em 2009, a Sociedade Musical e Recreativa Lapa de Educação Musical Popular foi selecionada para integrar a rede estadual de Pontos de Cultura – parte de um projeto do Ministério da Cultura criado em 2004 – e, com isso, recebeu um total de R$ 180 mil para realizar investimentos.
– A banda sempre deu aulas gratuitas, até para conseguir manter a formação de músicos para o grupo. Mas, a partir do momento em que se tornou Ponto de Cultura, melhoramos a didática das aulas e adquirimos instrumentos, que são caros e ficam emprestados aos integrantes enquanto eles estiverem na banda – conta a clarinetista e responsável pela comunicação do grupo, Valéria Martins.
Na tarde de sábado, a Sociedade Musical Lapa e o Instituto Câmara Clara realizam a segunda edição do Cine Som, evento cultural que irá reunir, em um mesmo espaço, apresentação da banda e lançamento do curta- documentário Relíquias de um Terno de Reis – produção que retrata o costume natalino na localidade da Caieira da Barra do Sul. Também hoje à tarde, no Centro Comunitário do Ribeirão da Ilha, será realizada a formatura dos alunos da turma de teoria musical, que recebem os instrumentos para passar à etapa prática.
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Para completar a tarde de eventos, acontece ainda o lançamento oficial do site do Centro de Memória Musical da Lapa ( camaraclara. org. br/ memoriamusical), que reúne partituras, fotos, vídeos e textos sobre o projeto. Ao todo, a Banda da Lapa é formada por 30 músicos voluntários, que têm entre 11 e mais de 70 anos de idade, que se reúnem aos sábados para tocar flauta transversal, clarinete, saxofone, trompete, trombone, tuba, bateria, percussão, baixo elétrico e guitarra.