Quem passou pelo Parque Ramiro Ruediger no fim de semana certamente notou algo diferente. Além de esportistas, crianças e famílias descansando à sombra das árvores, um novo tipo de público apareceu por lá: os cães. Pela primeira vez, a Prefeitura Municipal de Blumenau abriu o local para o Cão no Parque, iniciativa criada com o objetivo de fortalecer a convivência consciente das pessoas com seus animais.

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Tanto no sábado quanto domingo, das 8h à meia-noite, centenas de cachorrinhos e seus respectivos donos dividiram espaço com bicicletas, patins, skates e pessoas que aproveitaram o fim de semana ensolarado para praticar exercícios. De acordo com Margaret Nascimento, coordenadora do Cão no Parque, a ideia para a criação do evento surgiu principalmente pelos pedidos da população:

– As pessoas que participam da Cãominhada diziam que queriam mais espaço para passear com os cães. Foi aí que começamos a analisar as possibilidade e decidimos fazer um teste no Ramiro. Faremos pesquisas para saber como a comunidade vai reagir e, se tudo der certo, colocaremos em prática a ideia de abrir o parque para os cães todo fim de semana – adianta.

Brocador, o golden retriever do casal Gabriele e Vandelino Waltrich, do bairro Fortaleza, era um dos cães mais animados do Cão no Parque. Os donos levaram o pet ao Ramiro domingo de manhã. Preso à coleira, o bichinho mal conseguia esconder a vontade de correr pelos gramados do local:

– É bem diferente trazer ele aqui em vez de passear na rua, que não tem muito espaço e é sempre mais perigoso. Percebi que as pessoas, em especial as crianças, estão gostando bastante dessa ação. Seria bom ter isso todo fim de semana – comenta Gabriele.

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A convivência entre pessoas e animais em parques e outras áreas de lazer já se tornou tendência mundial. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Parcão da Lagoa recebe cerca de 700 cães nos fins de semana. No Ibirapuera, em São Paulo, um cachorródromo faz a alegria dos moradores que levam os pets para brincar. Fernanda Gabriel, superintendente do Shopping Park Europeu, de Blumenau, que desde junho aceita a entrada de cães, diz que a resposta dos clientes tem sido positiva:

– Sabemos como o cãozinho é cada vez mais importante na vida das pessoas, e por isso saímos na frente nesse aspecto. No início, tínhamos muitos questionamentos em relação à limpeza, mas nossa equipe foi treinada para pensar nisso e não houve reclamações ou contratempos – garante ela.

Amizade e colaboração para efetivar o projeto

Além de promover a amizade entre animais e seres humanos, o Cão no Parque também serviu para estreitar novos laços. A pequena Shih-tzu Bel, da comerciante Marineide Marschall, chamou a atenção das filhas da contadora Márcia Vendrami. O resultado: as crianças não desgrudaram do cão e as mães acabaram ficando amigas:

– Geralmente fazemos amizades por coisas em comum, e o amor pelo cachorro faz parte disso. Esse contato é bem interessante, mas é legal destacar que o proprietário do cachorro tem que ter muita responsabilidade e cuidar do parque pra que esse projeto dê certo – afirma Márcia.

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Para ajudar nessa tarefa, a Secretaria de Turismo instalou pontos para retirada de sacos plásticos nas três entradas do Ramiro. Há também algumas recomendações de conduta para que bichos e pessoas possam conviver em harmonia no local: as vacinas dos animais precisam estar em dia e os cães de grande porte devem obrigatoriamente usar focinheiras:

– É mais uma área de lazer para promover a conscientização em relação aos animais, por isso cabe às pessoas colaborar para manter o projeto vivo. Lutamos muito para ter isso em Blumenau – comenta Sueli Amaral, presidente da ONG Hachi, defensora da assistência e do bem-estar animal.

Veterinária do Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread), Janine Zimmermann diz que a socialização do cão com pessoas e outros cães é importante por uma série de motivos:

– O cão fica menos estressado, aprende a andar na rua sem conflitos e se desenvolve melhor. Assim como um ser humano que sai com amigos, os cachorros também precisam desse contato – explica.

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Para quem se preocupa em deixar as crianças brincarem na mesma grama que os cães usam para descansar ou fazer xixi, a veterinária esclarece que a urina é evaporada pelo sol ou absorvida pelo solo. Ela ressalta ainda que para evitar algum tipo de contaminação basta que os bichos estejam com as vacinas em dia:

– A única doença transmitida pela urina é a leptospirose, mas isso em locais úmidos ou que acabaram de passar por enchentes – explica.