Uma velha Kombi, uma câmera, um grupo de artistas e muita história pra contar são a alma do projeto Brasileirando, que abriu terça-feira sua segunda temporada na Fundação Cultural de Blumenau. Quem acompanhou a primeira etapa da história em 2012 já conhece a proposta: revelar um olhar sensível sobre encontros com o povo brasileiro, seus lugares e as complexas correntes culturais em que documentaristas, personagens e espectadores se encontram.
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Com financiamento do Fundo Municipal de Apoio à Cultura, as imagens filmadas durante as viagens de 2012, 2013 e 2014 foram transformadas em um material inédito que será exibido gratuitamente esta semana.
– Nesta temporada o público pode esperar capoeira, forró, histórias de mulheres fortes, boitatá, caboclinho d’água, aldeia, banho de rio… – adianta Rafaela Costa, integrante do projeto.
A segunda temporada inclui oito episódios de 26 minutos que serão vistos em primeira mão pelo público terça, quarta e quinta-feira, sempre às 19h30min. Durante os três dias, além da projeção da série, o evento contará com pocket shows e exposições fotográficas do coletivo e de artistas convidados. A versão compacta da temporada, com episódios de cinco minutos, estará disponível no YouTube e em ações promovidas pelo coletivo em locais como a Furb, Acevali, Abludef, ONG São Roque e na TV regional aberta.
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– O Brasileirando quer ouvir as comunidades e contribuir para um diálogo horizontal num projeto contínuo, que apresenta novas rotas e velhas experiências permeadas pelo reflexo do tempo sobre as memórias e os vínculos criados. Brasileirar é um verbo no presente infinito – filosofa Rafaela.
A ideia para criar o Brasileirando surgiu em 2011, quando o coletivo participou do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros:
– Durante o encontro conhecemos alguns mestres da cultura popular e também o povo da comunidade kalunga, incluindo a dona Luzia, que foi a primeira grande inspiração pra essa viagem. Depois de umas conversas, percebemos que essa viagem poderia se tornar um documentário, já que tínhamos o equipamento e a vontade, apesar da pouca experiência – relembra Rafaela.
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Após percorrer 16 mil quilômetros e ganhar gosto pela estrada em 2012, no ano seguinte o grupo começou tudo de novo com novos integrantes. A rota da vez: Espírito Santo, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro – onde os artistas participaram do seu primeiro festival, o IX FATU, em Paraty.
– O mais legal de participar foi ouvir de outros selecionados que eles já tinham visto os episódios, já conheciam e admiravam o projeto. Isso nos deu outra dimensão sobre o alcance da série, que tinha espectadores em vários lugares do Brasil – explica Rafa.
E qual é a grande diferença de uma temporada para a outra? Ela responde:
– A viagem de 2012 foi com um sentimento maior de aventura, de road trip, com muitas idealizações do que é viajar em grupo, um sentimento constante de deslumbramento. A primeira temporada reflete muito bem essa aura de encantamento e talvez seja isso o que tocou tantas pessoas. Em 2013 a equipe fixa que pegou a estrada ficou menor, também demos mais caronas e algumas delas serão mostradas na nova temporada. Talvez possamos dizer que o coletivo estava mais maduro nessa viagem.
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A arte de retribuir com arte
Durante a vida na estrada o grupo também fundou o Brasileirando Cine Clube, uma forma independente de compartilhar com as comunidades pesquisadas o resultado final do trabalho.
– É uma forma de retribuir o acolhimento que recebemos daquelas pessoas que abriram para nós suas histórias e contribuir pra que eles reconheçam suas próprias identidades. A exibição é feita em centros comunitários, praças, nas casas das pessoas, escolas e principalmente em locais onde é difícil o acesso a este tipo de experiência – explica Rafaela.
Para ela, a grande lição da jornada foi cruzar com pessoas iguais, mas que vivem realidades muito diferentes:
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– A viagem nos recolocou diante das nossas dificuldades, que não chegam nem perto da realidade que conhecemos nas outras pessoas. Apesar de tantas carências e da exclusão, são pessoas gratas que continuam vivendo, trabalhando, batalhando, tendo sonhos e ao mesmo tempo construindo e solidificando a alma da cultura brasileira a cada roda – finaliza.
Agende-se
O quê: Segunda temporada do projeto Brasileirando
Quando: Terça, quarta e quinta-feira na Fundação Cultural de Blumenau (Rua XV de Novembro, 161, Centro)
Entrada: Grátis
Mais informações: brasileirandotv.com.br