O presidente do Banco Central Alexandre Tombini afirmou, nesta terça-feira, que a instituição irá revisar suas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele lembrou que a última previsão do BC era uma queda de 2%.

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— Nossa previsão era contração de 2% e vai ser revisada, infelizmente — disse Tombini. — Temos de fazer de tudo para retomar o crescimento em 2017 — afirmou o presidente.

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Nas próximas semanas, o BC deve divulgar o Relatório Trimestral de Inflação, documento que reúne uma ampla avaliação da economia nacional e internacional, além das projeções do Banco Central.

Base de depósitos à vista

O presidente do Banco Central afirmou que os depósitos à vista têm sido fundamentais para o financiamento da agricultura. Segundo ele, a base de depósitos a vista tem se contraído ao longo do tempo.

Sobre a especulação em torno da taxa de câmbio no Brasil, Tombini disse que a melhor forma, que tem servido ao país, é o câmbio flutuante. Ele ressaltou que há excessos em determinados momentos, quando o BC se mostra presente para assegurar o funcionamento do mercado.

Copom

Tombini se defendeu de acusações de que as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sofrem ingerência política por parte da presidente Dilma Rousseff. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) questionou uma suposta reunião entre Dilma e Tombini às vésperas da reunião do Copom de janeiro, quando havia expectativa de alta dos juros básicos (Selic), mas o BC manteve a taxa inalterada. Na ocasião, no dia da reunião da diretoria do BC, Tombini foi a público falar sobre uma mudança de cenário com o objetivo de ancorar expectativas em relação aos juros — um estratégia inédita para ele até então.

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— Todos os BCs tem suas tradições e regras em relação ao período de silêncio. Isso não quer dizer que diante de uma situação que há expectativa que não se alinhe com visão mais recente do BC, que o presidente do BC não possa fazer uma avaliação — argumentou. — Não temos regras escritas sobre isso. O mais importante é que a informação seja divulgada tempestivamente e simultaneamente a todos. Foi preciso ajustar percepções que na minha visão estavam desalinhadas com o que pensava o presidente do BC — afirmou.

Ele argumentou que nesse caso, da reunião de janeiro, foi mais extraordinário. Tombini relatou que na sequência a essa reunião o Japão entrou em território negativo da taxa de juros. O BC europeu elevou suas preocupações e o BC da Inglaterra comunicou o adiamento das suas decisões.

— Esses bancos viram um cenário comum, de maiores incertezas em relação a China e o petróleo e fizeram ajustes na sua comunicação — disse. — Com nós, a reunião estava em cima. A decisão foi acertada. O mercado não define os passos que a autoridade monetária tem de tomar — afirmou.

Tombini ainda garantiu que não houve reunião à véspera do Copom de janeiro com a presidente Dilma Rousseff. Ele negou que haja ingerência nas decisões, mas afirmou que pressões políticas existem, de todos os lados.

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— Há turma dizendo que tem de subir os juros, tem turma que está dizendo que tem de baixar. Pressão política sempre há, ingerência não. ê só ler os jornais que se vê as pressões políticas — ponderou. — Ingerência política é zero, até porque a reunião é colegiada. Não tenho poder para definir voto de ninguém — disse.

Lula

Questionado sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, ele disse que a definição da equipe é prerrogativa da presidente Dilma Rousseff.

— Um ministro não tem que comentar sobre outros ministros — afirmou, assim como outros ministros que foram questionados sobre o assunto ao longo da última semana.

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*Estadão Conteúdo