Às terças-feiras, León se aproxima um pouco de Santa Catarina, apesar dos 9 mil quilômetros de distância. É que na cidade da Espanha Central, no reino de Castelo e Leão, está a Radio Brasilidade, e nela, uma estudante de Palhoça, Francielle Dal Zotto Schmidt, 20 anos, fala sobre o que conhece melhor, o Sul do Brasil.
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Sua voz é transmitida pelos vilarejos fundados no século 1 a.C., onde ouve-se palavras novas: Santo Amaro da Imperatriz, Fraiburgo, Imbituba. Bares, cafés, restaurantes sintonizam na estação que defende um país que é mais que samba, mais que futebol, que é Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Holanda e Franklin Cascaes. Entre o modernismo de Gaudí, o gótico medieval e os traços renascentistas, o Cristo Redentor abre os braços, desaguam as cascatas do Iguaçu, e no enxaimel se faz cerveja: ein prosit!
Francielle fez as malas pra Léon há 10 meses para ser intercambista de Direito pela Unisul. Há cinco meses, descobriu a Brasilidade, que faz parte da universidade, e entrou em contato com o idealizador do programa, Héctor Paredes Suárez, um leonense apaixonado pelo verde e amarelo. Ganhou cadeira cativa. Toda semana, durante duas horas, vence a timidez do microfone e discute música, gastronomia e cultura popular.
– Os espanhóis têm um carinho pelos brasileiros. Sempre que digo de onde sou, já começam a falar do nosso país.
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Na roda de comentaristas, revezam-se cidadãos europeus. Muitos falam sobre as experiências no Brasil. Outros, sobre a vontade de conhecê-lo. Daí surgiu a ideia de Héctor de aproximar os dois países dando dicas sobre programas de intercâmbio, ofertas de emprego, processos de documentação e preços de albergagem. A polêmica da Copa não foge da pauta. Francielle auxilia neste roteiro e na discotecagem: toca Raul.
Muitos amigos já se escalaram para surfar no sofá da Dona Giovana, mãe de Francielle. Eles querem conhecer Santa Catarina, a serra que se curva como rio, a terra de Anita Garibaldi, as águas da Imperatriz, e claro, a Ilha, feita Capital. A casa dos Dal Zotto fica em São José e as praias da região são promessas para os amigos e o namorado espanhol.
Nos próximos dois meses, Francielle desfrutará Léon, a neve na primavera, os castelos de pedra, o flanar por Ponferrada, cidade próxima, entre os rios Bersnega e Tório. E não se espantará com o vai e vem de peregrinos que seguem para principal rota do Caminho para Santiago. E depois disso, continuará a falar, sem microfone, como é ser brasileira no Reino do Leão.
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Desta vez, para os colegas da Pedra Branca, em Palhoça, constante inspiração para suas brasilidades, ouvidas na página do Facebook, cheias do caetanear que adoça os leonenses: “Para desentristecer, leãozinho/O meu coração tão só/Basta eu encontrar você no caminho”.