Os próximos quatro meses serão de ensinamentos e preparação para cerca de 30 jovens que ingressaram no programa Novos Caminhos. A iniciativa, liderada por entidades empresariais e ligadas à Justiça, tem como objetivo formar adolescentes a partir dos 14 anos para o mercado de trabalho. São garotos e meninas que foram afastados das famílias por algum motivo e atualmente vivem em abrigos do Vale do Itajaí. De Blumenau, são 20 estudantes.

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Pedro*, 14 anos, é um deles. Ele fala entusiasmado sobre as expectativas com o novo desafio, assumido com o incentivo do irmão, que já passou pela formação. Uma porta de possibilidades que se abriu e permite realizar um sonho: cursar Moda. A oportunidade só foi viabilizada porque as instituições parcerias do programa permitem também que os alunos façam gratuitamente cursos técnicos oferecidos por elas.

– Quero aprender. Sei que vai me ajudar bastante – fala o adolescente.

Ao longo de 17 encontros, eles irão passar por uma série de minicursos. São aulas sobre responsabilidade individual e coletiva, empreendedorismo, ética no trabalho, economia pessoal, além de iniciação profissional em áreas de automação e construção civil, por exemplo. O trabalho é gratificante para quem acompanha a evolução dos jovens, como a analista de educação Maria Aparecida Vaz. Ela reforça, porém, a importância do apoio das empresas na contratação dos adolescentes.

– A gente vê o desenvolvimento deles e a integração, mas eles precisam de oportunidades – destaca Maria Aparecida.

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O jovem Bernardo*, 15 anos, foi um dos beneficiados na edição passada do programa. Hoje, ele é exemplo para os demais garotos da instituição em que está acolhido, pela disciplina e motivação, segundo relato da gestora da unidade. Após passar por formação, o garoto conquistou um emprego.

– Ainda bem que aprendi aqui um pouco de Excel, porque quando fui trabalhar, cheguei lá e precisei usar – lembra o jovem, que conta orgulhoso também sobre os diplomas que acumula.

A rotina rigorosa de estudos e de trabalho garantiu a ele a sonhada autonomia, com direito a ter o próprio dinheiro e sair do abrigo para fazer atividades cotidianas a qualquer jovem.

– (O programa) é uma peça importante dentro de um ciclo de fortalecimento e de inclusão dos nossos adolescentes. Sempre digo a eles que tudo que se planta, se colhe. Por isso falo para colocarem a energia deles nisso. Espero que sejam agentes de transformação na sociedade – afirma a educadora social Edineia Alessandra Marchetti.

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Projeto já formou mais de 800 jovens

A assistente social do Tribunal de Justiça da Comarca de Blumenau e responsável técnica do projeto na região, Analu Cardoso Trevizan, conta que o programa ganhou força com o passar do tempo e hoje é primordial, principalmente por se tratar de jovens que vêm das mais diversas situações de vulnerabilidade e risco social. Eles encontram no programa uma oportunidade de inclusão social, bem como de aprendizagem.

Desde quando foi criado, em 2013, o programa já ofereceu formação a mais de 800 jovens no Estado. Fruto de uma parceria entre a Fiesc, TJSC, Associação dos Magistrados Catarinenses, Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público e Fecomércio-SC, contempla também adolescentes que saíram do acolhimento. É possível que ingressem na formação e recebam capacitação jovens que tenham deixado os abrigos após um ano.

*A reportagem adotou nomes fictícios para os adolescentes entrevistados.

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