Em Jaraguá do Sul, uma agência de publicidade e uma multinacional do ramo têxtil podem ter mais semelhanças do que aparentam. Apesar dos setores distintos, o conhecimento sobre a gestão pôde ser compartilhado entre o experiente e o inovador, entre o fundador da Marisol, Vicente Donini, e a diretora da KWB, Katia Kohlbach.
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Gerenciar o próprio negócio é um desafio diário no Brasil. Sobretudo quando se é um jovem empreendedor com projetos inovadores, mas com pouco conhecimento em gestão e planejamento. No Vale do Itapocu, berço de multinacionais, os novos empresários descobriram que ouvir a vanguarda pode ser um bom negócio.
Foi a busca pela experiência que culminou no Programa Mentor de Líderes, criado pelo Núcleo de Jovens Empreendedores Acijs-Apevi em 2010. A iniciativa, segundo o núcleo, é inédita no Estado. O grupo colocou o projeto à disposição para outras associações empresariais catarinenses.
Quando soube da oportunidade, Katia enxergou um caminho para desenvolver seu negócio. O intercâmbio, então, fortaleceu a gestão da empresa e incentivou a empreendedora a buscar mais conhecimentos. À mesa, o fundador da Marisol compartilhou uma série de indicadores contábeis e mostrou a ela novos modelos de gestão administrativa e financeira.
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– Certamente, houve mudanças no modelo de gestão. Há uma abertura maior de dados para todos os colaboradores e um planejamento anual com mais envolvimento de todos, gerando comprometimento da equipe. Adicionalmente, a forma de se avaliar os números da agência também se profissionalizou, no sentido de não ter somente números, mas, sim, dados para a tomada de decisão – comenta Katia.
Para o mentor do programa, Paulo Chiodini, diretor da Rede Mime, o projeto é um estimulador da economia e, sobretudo, qualifica os novos empresários. Isso porque promove a troca de experiências com quem já enfrentou diferentes desafios.
– Como o mercado é muito dinâmico, sem dúvida esta orientação pode ser um diferencial para termos empresários melhor preparados e capazes de obter respostas mais rápidas nas tomadas de decisões e na definição das suas estratégias – reflete Chiodini.
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Ideias unidas pelo associativismo
O programa dura oito encontros, cerca de um por mês, com início em março ou abril. Nas reuniões, mediadas pela coach Leonir Zacarias, são estabelecidos os objetivos e as ações conforme as necessidades do novo empresário. Para a coordenadora da pasta de desenvolvimento empreendedor do Núcleo de Jovens Empreendedores Acijs-Apevi, Carla Niehues, o programa tem o seu valor na convivência entre os participantes.
– O Mentor de Líderes serve para fomentarmos o pensamento associativista, pois é uma maneira simples que temos de mostrar para pequenos e grandes empresários a importância de compartilharmos experiências, sejam elas positivas ou negativas – afirma Niehues.
Para participar do programa, basta integrar um dos núcleos da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul. Desde 2010, o programa atendeu a 15 empresários da região. Como mentores, foram escolhidas lideranças como Vicente Donini, Paulo Chiodini, Monika Hufenüssler Conrads (Duas Rodas), Benyamin Fard (Biovita) e Cleverson Siewert (Celesc). Para a 6ª edição, neste ano, há cinco participações confirmadas.
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Classe empresarial está mobilizada
Na visão do presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acjis), Paulo Luiz Mattos, o Mentor de Líderes contribui para o desenvolvimento do setor produtivo e, ao mesmo tempo, para a formação de novas lideranças que fortaleçam o associativismo regional.
– Jaraguá do Sul tem sua história de empreendedorismo alicerçada em iniciativas que surgiram da atitude individual de pessoas ao vislumbrarem oportunidades. Ainda hoje há muitos negócios com estas características, apoiados muitas vezes na experiência que as pessoas trazem de empresas onde atuaram e porque percebem oportunidades no mercado – declara Mattos.
No cenário nacional, o movimento também é próspero. O empreendedorismo brasileiro tem colocado o país entre os mais promissores do mundo. Segundo a pesquisa Empreendedorismo no Brasil, divulgada em 2014 pelo Sebrae, o país conta com aproximadamente 40 milhões de empreendedores – atrás apenas da China, Índia e Nigéria.
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No Brasil, cerca de 33% dos novos empreendedores do país são jovens. Já o número de empresários experientes, entre 45 e 54 anos, representa 24% da amostra. Em relação aos empreendimentos, são 21 milhões (17,1%) em fase inicial e 19 milhões (15,5%) estão estabelecidos. Os percentuais são superiores à média mundial de 7,9% e 6,7%, respectivamente.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012 havia em Jaraguá do Sul 7.290 empresas atuantes. Neste ano, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação contabilizou 15.194 empresas ativas no município. Entre 2013 e 2014 houve um salto de 13.618 empreendimentos para 15.136.