Andrew de Lima tem 11 anos. Raíssa, nove. E o caçula Juan, oito. Os três são irmãos e estão aprendendo na escola a ser donos do próprio nariz. Eles tiveram no ano passado, no currículo escolar, aulas de empreendedorismo. Cada um fez em sala de aula um tipo de atividade que vai ajudá-los a pensar com mais autonomia e aprender que, quando saírem da escola (ou de uma faculdade), podem montar algo que seja deles. Não importa se for uma empresa ou uma ONG para melhorar a realidade do bairro em que vivem.

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As aulas fizeram parte de uma iniciativa chamada Jovens Empreendedores Primeiros Passos, feita pelo Sebrae-SC no ano passado e que voltará a ser aplicada neste ano. A escola municipal Adriana Weingartner, de Palhoça, foi uma das participantes.

– Somos o único Estado do Brasil que só trabalha com escolas públicas – explica Fernando Cenirio dos Santos, coordenador do projeto.

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Lições práticas na vizinhança

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Por uma dessas coincidências do destino, as três crianças ganharam na última semana a oportunidade de colocar em prática um pouco do que aprenderam.

A mãe deles, Márcia de Lima Martins, decidiu dedicar mais tempo às crianças, que passavam a tarde na casa da avó. Como ela é cozinheira, a solução é preparar alimentos para vender no condomínio em que moram.

Viram ali uma chance: o supermercado mais próximo fica a cinco quilômetros e a padaria mais perto, a três. Resolveram vender pastéis para os cerca de 400 moradores do condomínio onde moram. A mãe é a encarregada pela produção. Andrew faz as entregas, Raíssa, mais faladeira, ficou com a propaganda boca a boca e Juan é o encarregado da panfletagem.

No ano passado, o projeto de ensinar empreendedorismo nas escolas alcançou 4 mil crianças e adolescentes, de 18 escolas de 14 municípios catarinenses. Nas inscrições deste ano, que terminaram na última sexta-feira, eram 70 escolas, de 30 cidades, que abrangem 13 mil alunos. O número supera a expectativa inicial e ainda pode aumentar, já que parte das inscrições foi enviada pelo correio e só deve chegar nesta semana.

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São jovens que vão aprender que não é errado tentar colocar em prática os sonhos. Quando crescerem, Andrew quer ser jogador de futebol – e já pode ser o próprio empresário -, Raíssa quer ser cantora sertaneja, igual ao Luan Santana, e Juan almeja ser professor de capoeira, tendo a chance de dar aulas na própria academia.