O Sebrae-SC selecionou na última quinta-feira 50 empresas de Santa Catarina que irão participar do Projeto Exporta SC. A iniciativa tem como objetivo ampliar as fronteiras comerciais desses negócios nos Estados Unidos. Na lista, estão nove empresas da região Norte, nos setores de alimentos, metalmecânico, software, tecnologia e moda.

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A partir de agora, todas essas empresas vão passar por uma preparação para terem condições de negociar com os americanos. O Sebrae dará suporte e consultoria em áreas que envolvem legislação, recursos humanos, logística e desenvolvimento de produto, conta Douglas Luiz Três, gestor do projeto.

Satisfeito com o resultado da estreia do projeto, ele já vislumbra uma segunda edição, que ainda não tem detalhes mais definidos. O fato é que “muita gente boa ficou de fora”, conta Douglas, e o objetivo é dar uma segunda chance para que elas também possam se beneficiar da iniciativa e realizar negócios no exterior.

Em entrevista a Livre Mercado, Douglas explica como funciona o projeto e fala dos desafios que micro e pequenas empresas precisam enfrentar para atuar no mercado externo.

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Histórico

– O projeto nasceu depois de oito meses de pesquisa do Sebrae. Esta é a primeira edição. Fizemos entrevistas com empresários que já exportam e que não exportam e chegamos a pontos convergentes. Nessas conversas, identificamos dificuldades comuns no dia a dia do negócio, como registro no mercado americano e trâmites burocráticos relacionados aos órgãos locais, por exemplo.

Seleção rigorosa

– As inscrições começaram em julho do ano passado. Fizemos apresentações pelo Estado e tivemos 420 empresas inscritas. Destas, selecionamos 219, que participaram presencialmente de oito seminários. Durante um dia, elas aprenderam a metodologia Canvas, na qual o empresário não desenha um plano, mas sim um modelo de negócio. A partir daí, selecionamos 115 empresas, que passaram por uma etapa de entrevistas, para depois serem definidas as 50 finalistas.

Escolha pelos EUA

– Escolhemos o mercado americano porque ele é o maior do mundo e está demonstrando uma retomada econômica ágil, por mais que tenha sofrido problemas recentemente. Com relação à região (Fort Lauderdale, na Flórida), é bem conhecida pelos brasileiros de uma forma geral. Grandes empresas se instalam nela, que é um polo logístico. Isso pesou bastante. Há inclusive catarinenses se instalando lá.

Preparação

– Existe toda uma preparação. Essas 50 empresas selecionadas serão qualificadas em termos de produto, processos e gestão. Vamos fazer um diagnóstico de maturidade para exportação e identificar pontos de não conformidade. Também vamos levá-las antes até os Estados Unidos, em grupos, para que possam conhecer sua nova casa.

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Estrutura

– Há um local, uma espécie de armazém, para que os empresários catarinenses possam deixar seus produtos. Também há um espaço para escritório de uso compartilhado, showroom e um auditório, que pode ser utilizado para treinamentos.

Consultoria

– Junto com essa parte de logística, há parcerias com empresários locais. O Sebrae ajuda o pequeno empreendedor a identificar por onde começar a atuar, quem são os concorrentes e que tipo de adaptação é preciso fazer no produto para entrar no mercado americano.

Suporte

– Fizemos parcerias com universidades americanas. O empresário pode capacitar sua equipe lá. Também contratamos pessoal para suporte. Temos gente de RH, advogados, tributaristas, especialistas em mercado. Por mais que o empresário conheça a língua inglesa, vai precisar do apoio de alguém que domine a legislação local.

Gestão aprimorada

– Um outro objetivo do programa é a transferência de tecnologia e conhecimento. Os americanos querem fazer negócio com empresas sólidas, que tenham bom controle interno, que sejam sustentáveis. Isso vai permitir que elas (as empresas catarinenses) aprimorem a gestão.

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Meta

– Sabemos que alguns produtos, inicialmente, podem não ter boa aceitação, mas colocamos como meta que até o fim de agosto todas essas empresas já estejam fazendo algum tipo de negócio nos Estados Unidos. Em até dois anos, a expectativa é que elas já atuem lá por conta própria.

36 meses

– O projeto tem um custo de cerca de R$ 7 milhões. Para toda essa parte que envolve logística, pessoas e estrutura física, o Sebrae dá suporte por 36 meses. O restante fica por conta do empresário.

Segunda edição

– Já estamos elaborando um novo projeto para o segundo semestre deste ano. O número de vagas ainda não está definido, mas deve ser parecido com este de agora. Muita gente boa ficou de fora nesta seleção, e a intenção é dar uma nova chance para elas. Provavelmente vamos contemplar outros países em edições futuras. Vamos aprender muito com esta experiência e melhorar a nossa proposta.

Diferencial de SC

– Já viajei bastante. Quando se fala que é do Sul do Brasil, os empresários de fora já veem um perfil diferente. Não que os empresários das outras regiãos não sejam bons, não é isso. Mas é que temos, aqui, tradição de excelência. Santa Catarina é um Estado empreendedor, focado e com histórico de excelentes empresas. Temos Weg, Dudalina, Embraco, referências mundiais em suas áreas.

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Conselho para exportar

– A dica é não iniciar um projeto sem conhecer a realidade local. Vá até lá. Trabalhe em grupos. Fique perto de quem já fez e busque informação, que é a alavanca dos negócios. Sem isso, a tendência de não prosperar é muito grande.

Características

– A entrada em um mercado de outro país vai depender muito do produto que a empresa oferece. O certo é que, para prosperar, o produto precisa ter características de inovação, sustentabilidade e escalabilidade. Com isso, ele vai ter espaço na China, nos Estados Unidos, em Portugal, na Alemanha, em qualquer lugar. É só ver os exemplos de algumas empresas catarinenses.