Depois da publicação da série Órfãos do Brasil, o SOS Desaparecidos se tornou ponto de referência para quem mora no exterior e procura por brasileiros.

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Um dos precursores na busca por familiares é Lyor Vilk, que nasceu em Curitiba e mora em Israel – destaque da série do DC. Ele aprendeu a falar português, é engajado no grupo de vítimas do tráfico de bebês e um dos braços de divulgação do serviço da PM.

Leia mais sobre Órfãos do Brasil em site especial

É em Lyor, inclusive, que major Claudino se apoia para conseguir se comunicar com outros jovens. São comuns pedidos de ajuda, através da internet, em idiomas que variam entre o hebraico, francês, italiano e inglês. Além das famílias que já foram localizadas, o SOS trabalha com outros oito casos provavelmente ligados à venda de crianças.

As histórias publicadas no DC também fazem parte do livro Mortos sem Sepultura, que será lançado na Assembleia Legislativa em novembro. São 320 páginas de um trabalho que teve início em 2009, quando Claudino começou a escrever sobre desaparecidos.

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Além de contar os casos de reencontros e apresentar recortes da mídia, ele relaciona os desaparecimentos com trabalho escravo, pedofilia, tráfico de drogas e, aos idosos, doenças como o Mal de Alzheimer. Também propõe uma cartilha, com ações mais eficazes às buscas (como sistema integrado de dados dos órgãos públicos).

De Israel para Camboriú

Bary Livny recebeu as primeiras notícias da mãe biológica aos 25 anos. O SOS foi a ponta da corrente que começou com a ONG Desaparecidos do Brasil. Bary foi adotada dias depois de nascer e levada para Israel, onde mora até hoje.

Em março ela descobriu que a mulher que tanto procurava chama-se Rute da Silva Reis, tem 50 anos, mora em Camboriú e a deu em adoção por falta de condições de criá-la. Soube também que tem três irmãos.

Eles ainda não se conhecem pessoalmente, Bary quer aprender português antes de encontrar a mãe brasileira. Mas mantém contato, via internet, desde que soube quem era e onde vivia a família. Recorrendo ao tradutor online, eles conversam por mensagens. O primeiro encontro tem promessa de ocorrer no ano que vem, quando Bary virá ao Brasil.

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Um pedido vindo da Itália

Da Itália, onde mora desde os quatro anos com os pais adotivos, Tatiana Ribeiro da Silva viu na página do Facebook do SOS a esperança de reencontrar a mãe biológica. Aos 27 anos, lembrava pouco da infância em Porto Alegre, mas o suficiente para que, da sala de operações, se conseguisse cruzar as informações e revelar quem é a família que ela não via há mais de duas décadas.

Pela internet, da cidade de Nápoles, ela se comunicou pela primeira vez com o irmão que ela até pouco tempo nem sabia existir, um adolescente de 17 anos, e a mãe biológica.

Aparentemente, Tatiana não se enquadra na história do tráfico de bebês. Ela foi encaminhada para a adoção junto com o irmão mais novo, os dois foram separados da família biológica pelo Estado, por viverem em situação de vulnerabilidade social.