Crianças sentadas, em círculo, debaixo de uma árvore, de olhos e ouvidos atentos às palavras do naturalista. Vários tipos de pedras passam de mão em mão. O formato, as cores e a textura ajudam a explicar o tipo e sua função no meio ambiente: a formação do solo. Tudo é novidade.

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O cenário é a reserva Volta Velha, em Itapoá, refúgio de fauna e flora da mata atlântica preservada. O professor é Edson Mendes, um jovem de 23 anos, acadêmico do curso de turismo, e especializado em educação ao ar livre. As crianças de 11 a 13 anos, são alunos da 6ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Monteiro Cabral, localizada no Pontal da Figueira, região onde está sendo construído o Porto de Itapoá.

A turma participa do projeto conhecido como “Acantonamentos”, um programa desenvolvido há quatro anos para estudantes da rede pública municipal e estadual do município com apoio do Governo do Estado por meio do Fundo de Incentivo ao Turismo (Funturismo). Em todas as atividades, as lições relacionam a vida na natureza aos valores essenciais para o convívio em sociedade.

– O projeto é uma extensão da escola, já que agregamos a educação ambiental à educação formal. Além disso, os valores repassados para as crianças na Reserva, por meio de vivências, transcendem o conteúdo escolar, pois é uma educação para a vida – explica o coordenador do projeto e diretor do Centro de Educação ao Ar Livre da reserva, Juarez Michelotti.

A metodologia, pioneira em Santa Catarina, segue o modelo do Glen Helen Outdoor Education Center, de Yellow Springs, Ohio, nos Estados Unidos, instituição com mais de 50 anos de experiência em educação ao ar livre.

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Em outra aula, uma árvore tombada pelo vento serve de exemplo para explicar a dependência entre os seres vivos para a sobrevivência. As bromélias se hospedam, um fungo no tronco é alimento para as formigas e o cupim come parte da madeira que apodreceu. O naturalista pede para as crianças subirem, com cuidado, para verem do alto que não há árvores do mesmo porte em volta.

– Se tivessem mais espécies da mesma altura aqui, provavelmente não teria caído porque as raízes se entrelaçariam no solo arenoso, tornando-a mais resistente. E assim é na vida da gente. Precisamos uns dos outros para viver. Se estamos unidos, somos mais fortes para enfrentar as dificuldades – ensina Edson Mendes.