A Assembleia Legislativa de Santa Catarina deu as boas vindas, nesta quarta feira, aos 22 novos estagiários do Programa Antonieta de Barros (PAB). Realizado há dez anos, o programa de ações afirmativas tem o objetivo de oferecer uma oportunidade de inclusão a jovens em situação de vulnerabilidade social. Durante o período de um a dois anos, os estudantes terão uma experiência de trabalho em setores administrativos da Alesc além de uma formação continuada com aulas e palestras sobre identidade cultural.
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Este ano 64 jovens elegíveis ao programa participaram do processo de seleção, realizado por uma comissão formada for integrantes da assembleia, e entidades de movimentos sociais como a Associação Mulheres Antonieta de Barros. Para participar do programa, é necessário ter de 16 a 24 anos, renda igual ou inferior a dois salários mínimos, estar matriculado em uma instituição de ensino e em condição de vulnerabilidade social. Os jovens devem ser indicados ao estágio por entidades da sociedade civil como igrejas, escolas de samba e centros culturais.
A coordenadora do PAB, Marilu Lima de Oliveira, explica que os jovens mais vulneráveis são os que têm maiores condições de entrar para o programa. São priorizados os jovens negros, em especial, mulheres. A avaliação é feita através de entrevistas com assistentes sociais e uma dinâmica de grupo coordenada por psicólogos.
Ex-moradora do Morro do Horário, em Florianópolis, Kimberlly Regina Maria Costa, 16 anos, se diz ansiosa para começar o estágio. Ela soube do programa através de seu marido, que já foi um estagiário do PAB. Atualmente, os dois moram no Monte Serrat, com o filho de 10 meses e foi o centro cultural do bairro que indicou Kimberlly para o programa. Quando souberam que ela havia sido selecionada, a família comemorou:
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– Foi uma notícia boa em meio a algumas infelicidades que estavam acontecendo – conta referindo-se a sua mãe, que foi internada recentemente com uma enfermidade no pé.
Durante o primeiro mês, Kimberlly e os outros estudantes passarão por um processo de capacitação desenvolvido na Escola do Legislativo para conhecer a assembleia. Nesse período, serão identificados o perfil dos jovens e o setor onde gostariam de trabalhar.
O estágio tem carga horária de 20 horas semanais sendo quatro delas de aulas e palestras realizadas às sextas-feiras. Nesses encontros, os jovens ouvem professores e convidados sobre a identidade cultural dos negros e algumas histórias de vida. De acordo com a coordenadora Marilu, esta é uma forma de eles pensarem a negritude, aumentar a autoestima e colocarem-se como protagonistas da sua história.
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Aprendizado e orientação
Estagiária do PAB desde agosto do ano passado, Bianca de Assunção Pires, 17 anos, agradece ao programa por lhe mostrar o valor que tinha como mulher negra e dar uma orientação para a carreira profissional. Ao trabalhar na gráfica da Alesc, a estudante teve contato com projetos de lei e passou a se interessar pelos processos legislativos. Este ano, ela foi aprovada no curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. Para ela, o diferencial do PAB é que os jovens são ouvidos sobre as expectativas do programa.
– Eles sempre queriam feedback. Uma das melhores palestras que tivemos foi com o rapper Emicida, que era uma pessoa que a gente queria trazer para a aula – diz.
Atuando desde 2004, o Programa de Estágios Especiais Antonieta de Barros já atendeu 262 estudantes. Este ano, a coordenadoria pretende desenvolver uma pesquisa com os egressos para identificar a situação atual dos jovens a avaliar os impactos do projeto a longo prazo.
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Estre os selecionados da edição de 2015, 55% são mulheres, 58% têm entre 16 e 18 anos, 89% cursam o Ensino Médio e 87,4% têm renda familiar de até dois salários mínimos.