De todas as saídas do Joinville nos últimos tempos, a de Gilson Sagaz não é comum, como não poderia ser comum pela relação do supervisor com o clube. Nesta quarta-feira, o JEC comunicou o desligamento do profissional com quase 20 anos de serviços prestados ao clube. Diferente de outros, por contenção de despesas em um clube assolado por dívidas, Sagaz saiu por conta própria, ao aceitar proposta de outra equipe. Vai organizar logística de treinos e jogos e cuidar do que o Bragantino, da Série B do Campeonato Brasileiro, precisa para estar em campo.
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Gilson Sagaz tem fortíssima ligação com o JEC. Não apenas por ser joinvilense e apaixonado pelo Tricolor do Norte de Santa Catarina. Seu primeiro emprego foi para atuar nos bastidores do clube, em 1994 e com 16 anos. Foi para ser assistente do pai, José Pereira Sagaz, supervisor do time profissional na época mais saudosa ao torcedores, o octacampeonato do Catarinense.
– Meu pai começou a trabalhar em 1976, ainda na fundação. O JEC sempre foi o lugar em que podia encontra-lo. Ia para ver ele, assistia ao treino, ficava de gandula e ajudava no que eu podia – relembra.
A primeira passagem foi até 2002. Ele retornou ao posto em 2009, quando a administração de Márcio Vogelsanger e Nereu Martinelli reergueu o clube. Foi com Gilson Sagaz na função que o Joinville conquistou os dois títulos nacionais e de maior importância da clube, a Série C de 2011 e a Série B do Campeonato Brasileiro de 2014. Ele está nas duas fotos oficiais ao lado de jogadores, comissão técnica e dirigentes.
Independente de divisão ou fase, quem convive com os bastidores do futebol, principalmente em Santa Catarina, não conseguiria imaginar Gilson Sagaz fora do Joinville. Nestes últimos 10 anos de casa, não terminava uma temporada de futebol sem proposta de algum clube brasileiro. Negava ou resistia todas. No entanto, a do Bragantino foi determinante para fazer com que pedisse demissão de um clube que demite profissionais por necessidade de enxugar custos.
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– Foi a quarta proposta que apareceu nos últimos três anos. Essa foi a mais sólida. Fui muito reconhecido. Chegou a hora de cortar o cordão umbilical – decreta o supervisor de 40 anos.
Sem Gilson Sagaz, o JEC precisa buscar um supervisor para futebol profissional do clube. Certamente ninguém que viveu 40 dos 42 anos do clube Norte de Santa Catarina.