Itens básicos para atendimento no Hospital Regional de São José estão em falta em toda a unidade que atende a Grande Florianópolis. Faltam desde gazes até sondas. A situação da estrutura foi revelada por um médico da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O doutor, que atua há mais de 25 anos no local e que preferiu não se identificar, relata um contexto alarmante que já havia sido adiantado pelo colunista Rafael Martini, do Grupo RBS.

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A Hora esteve no Regional e conversou com o médico. Antes, equipes da enfermagem e do almoxarifado haviam a confirmado a situação à reportagem por telefone. Na prática, o problema compromete a prestação de serviços básicos à população da Grande Florianópolis.

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– Até quinta-feira, também estavam faltando luvas e seringa para insulina, mas já foi normalizado. Agora o estoque de gazes, que utilizamos em vários procedimentos, está zerado – garante o doutor.

Risco à saúde dos profissionais

Além de comprometer a saúde de quem necessita do hospital, os profissionais também estão ameaçados. Isso porque um dos itens faltantes é a caixa para perfurantes – um material de isopor padronizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para depositar seringas, por exemplo, após o uso e evitar a contaminação.

– Estamos improvisando com o que temos. As seringas estão sendo guardadas em saco plástico – explica.

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Materiais perfuro-cortantes estão sendo colocados em galões de água sanitária de cinco litros, que receberam avisos improvisados, feitos pelos próprios funcionários.

O desperdício é outro problema acarretado pela falta dos itens essenciais.

– Só estamos recebendo soro de 500 ml, aí o pessoal que precisa só de 100 ml, por exemplo, acaba tendo que descartar 400 ml – calcula.

O que está em falta

– Gaze

– Solução para diálise

– Caixa para perfurantes (seringas, por exemplo)

– Soros fisiológico e glicosado de 100 e 250 ml

– Seringas de 10 ml

– Sonda de aspiração (número 12)

– Micronebulizador

Governo ameniza situação

O abastecimento do Hospital Regional de São José é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde. Em nota divulgada na semana passada, o órgão garante que boa parte dos materiais faltantes apontados pelos funcionários da unidade já estavam sendo repostos – mas o médico da UTI garante que a situação ainda é praticamente a mesma. Leia o que diz o governo, ponto a ponto:

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1) Não está faltando solução para diálise. Houve alteração na padronização do produto, o que provocou mudanças no processo de compras e acabou afetando o abastecimento. Na próxima semana estão chegando 2,4 mil galões de 5 litros, volume suficiente para pelo menos três meses. Nova compra já está em andamento.

2) O estoque de gaze não corre risco de acabar porque estava sendo reposto pelo fornecedor do produto.

3) Sobre os frascos de soro, a fornecedora estava com falta das embalagens que não fossem as de 500 e de 50ml. Mas chegaram na sexta-feira frascos de 250 ml. Ficam faltando apenas as de 100ml, que ainda não estavam disponíveis no fornecedor.

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4) Sobre a caixa de perfurantes, na próxima semana o estoque do Estado será reforçado com 72 mil caixas.

5) O estoque de agulhas está normal, bem como os seringas de 5ml e 20ml. Há problemas com as de 10ml em razão de um processo licitatório com recursos de participantes e necessidade de amostras do produto.