Trilado o apito para o início do segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo da Rússia, os integrantes do Núcleo de Inteligência do Futebol (NIF) do Avaí torcerão de forma especial por Tite e seus comandados. Desde o ano passado, eles acompanham atentamente a equipe da Costa Rica, adversária da Seleção Brasileira no dia 22 de junho, às 9h, em São Petesburgo. O departamento azurra participa do projeto da CBF que reuniu clubes da Série A de 2017 para analisar as seleções do Mundial. Calhou de o Leão acompanhar os costarriquenhos.

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O projeto iniciou em outubro e reuniu 19 clubes da elite nacional do ano passado – o Flamengo ficou fora. A CBF fez sorteio e alguns clubes foram incumbidos de analisar mais de uma equipe. Na época, o Avaí recebeu o pedido de acompanhar o segundo classificado da Concacaf (América Central e América do Norte). Imediatamente, Ricardo Henry, analista chefe do NIF, passou a seguir os Estados Unidos e a Costa Rica.

Enquanto o grupo fazia os relatórios dos últimos jogos da Costa Rica no ano, o sorteio no dia 1º de dezembro indiciou que a seleção analisada seria o adversário do segundo jogo do Brasil na Rússia.

– Na época, eu estava envolvido com o último jogo do Avaí no Campeonato Brasileiro, tinha a situação de permanecer ou não. Porém, o pessoal do NIF acompanhou e comemorou muito, me contaram depois. Nossa alegria foi similar a um gol do nosso clube, pela emoção que é trabalhar com a Seleção Brasileira. E ainda ganhamos mais tempo para fazer análise, foi algo sensacional para nós e para o clube. Estamos esperando agora pelos amistosos da Costa Rica em março. E obviamente vamos torcer muito por uma vitória do Brasil, que teria um gosto especial para nós – relata Henry.

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Ainda em outubro, ele recebeu do Centro de Pesquisa e Análise (CPA) da CBF guias e formulários para serem preenchidos com dados e as análises da seleção adversária. O trabalho de Ricardo, Gabriel Dutra, Vinícius Frasson e Matheus Frigo – estagiários que estudam na UFSC – ganhou em volume e em companhia. Foram incorporados ao time para esquadrinhar a Costa Rica também Bruno Gonçalo (auxiliar sub-20) e Gustavo Damasceno (aluno da CBF Academy).

O CPA da CBF pede para que embasem as análises, uma por jogo, em quatro itens: organização ofensiva, organização defensiva, bola parada e transição. Cada qual ficou sob a alçada de pelo menos um dos integrantes da equipe e Ricardo Henry responsável pela supervisão do projeto. Todo o material produzido por eles até agora foi entregue dentro do prazo e eles aguardam pelos amistosos da Costa Rica em março (nos dias 23 e 27, contra Escócia e Tunísia) para concluir a empreitada. No entanto, com a liberdade concedida, foram além do pedido feito pelos analistas da Seleção.

– Incluímos algo da nossa prática que é o mapa das ações do adversário. No ataque, por exemplo, se há um lado de campo em que se concentram as jogadas, de que local partem os cruzamentos e se dão resultado – explica.

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A participação no projeto modificou a forma que o NIF trabalha. No ano passado, o grupo coletava sete itens da atuação do Avaí e do adversário e colocavam em forma de números, muitas vezes repassados ao técnico Claudinei Oliveira assim que chegava ao vestiário ao término do primeiro tempo. Formato que continua, porém o trabalho com a CBF abriu caminho para outra abordagem.

– Hoje, a gente envia aos jogadores vídeos em lances que tiveram ações boas na partida ou de falhas, apontando como melhorar. Esse trabalho para a CBF mostrou que o setor funcionava bem, mas também possibilitou que pudéssemos evoluir – comemora Henry.

Chapecoense vai estudar a Inglaterra

A Chapecoense ficou responsável por analisar a seleção da Inglaterra e o analista do clube, Felipe Sampaio, disse que vai iniciar o trabalho na próxima semana.

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– Uma coisa que tem de específico da Inglaterra e que me motiva é que há um tempo eles jogavam de uma forma difícil de se ver hoje em dia, com três atacantes avançados, sem ter que retornar para marcar o lateral até o fim. Às vezes, variando de um losango para um 4-3-3, que é um esquema pouquíssimo utilizado hoje em dia, mas que eles adaptaram – citou.

Felipe Sampaio disse que no ano passado, quando ainda estava no Santa Cruz, chegou a mostrar isso para o técnico Vinícius Eutrópio, que foi quem lhe levou para a Chapecoense, ainda como auxiliar técnico.

Ele terá que fazer um relatório individual e coletivo da seleção inglesa e para isso vai utilizar plataformas “online” para assistir aos jogos e obter estatísticas. Também vai analisar sites de notícias para saber como estão os jogadores e ver os jogos dos times em que eles atuam, principalmente os que não são titulares da seleção.

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– Tem que fazer um trabalho minucioso pela relevância desse estudo. Para mim, representa muito fazer parte disso. Quem trabalha com futebol sempre quis participar de uma Copa do Mundo de alguma forma. É uma maneira de poder ajudar a Seleção e mostrar meu trabalho – destacou.

Na visão do analista, este trabalho também pode mostrar a importância dos profissionais nos clubes. Ele conta que na Europa tem clubes com 30 a 40 profissionais para observação e, no Brasil, mesmo os principais clubes, têm dois ou três. Na sua avaliação, o investimento na área poderia trazer mais benefícios para todos os clubes.