Advogados, recepcionistas e policiais estão na lista de profissões que não são bons pais. É o que diz uma pesquisa da Universidade de Iowa publicada no The Telegraph. O estudo sobre os estereótipos sociais ligados a determinadas carreiras mostrou que os pais que têm empregos vistos pela sociedade como “agressivos, fracos ou impessoais” são muitas vezes mais estressados em casa.

Continua depois da publicidade

Leia também

Top 10: as dez profissões mais e menos estressantes de 2014

Conheça as novas profissões que surgem com a internet

Continua depois da publicidade

Os ofícios vistos como “bons, fortes e cuidadosos”, tais como professor, médico ou enfermeiro tornam mais fácil o cumprimento dos deveres parentais segundo a pesquisa.

A psicóloga Gilnéia Wainer, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental da WP Psicologia, afirma que a pesquisa traz um novo componente para entender a relação entre perfil profissional e parental.

– É interessante trazer o componente da identidade profissional X auto percepção de cuidador (pai ou mãe), sendo mais um fator que interfere na qualidade das relações pais e filhos. É como se o sujeito, dependendo o estereótipo de sua profissão, tivesse que “provar” constantemente sua índole e capacidade de empatia com seus filhos. Ao passo que outros estereótipos profissionais ficariam numa posição de “salvo-conduto” em relação a isto (como médicos, enfermeiros etc).

Continua depois da publicidade

Segundo a especialista, existe correlações entre a escolha profissional e características de personalidade, interesses e habilidades pessoais. Há estudos que demonstram que existem profissões onde características como empatia, tolerância à frustração e estresse, habilidades de negociação etc são mais evidenciadas do que outras. Consequentemente, tais perfis profissionais podem ter melhores recursos para lidar com as diferentes situações das relações pais e filhos

– Entretanto, ser um bom profissional da área da saúde, sendo um profissional afetivo, empático e dedicado, não é garantia absoluta de ser um bom pai/mãe de família. Isto porque, temos modos de agir e sentir diferentes conforme o contexto. Assim, há pessoas que colocam o máximo de energia no trabalho, mas não tanto na vida pessoal.

Para a psicóloga não existe uma lista fechada de profissões que prejudicam a formação familiar. Para ela, é mais coerente falar de aspectos que tem forte correlação com dificuldades com a vida familiar. Entre eles pode-se citar:

Continua depois da publicidade

– Jornadas longas de trabalho: gera lógica diminuição do tempo destinado à família e a vida pessoal, além de fazer com que o indivíduo tenda a buscar no ambiente familiar somente lazer e não se dispor a realizar as demandas de ser pai/mãe; marido/esposa etc.

– Imprevisibilidade da rotina de trabalho: profissões que diminuem ou impedem uma rotina familiar tendem a gerar problemas a médio e longo prazo nos familiares. Por exemplo, pilotos, comissários de bordo, enfermeiros ou profissionais com atividades noturnas.

– Exposição a riscos e alto nível de estresse e responsabilidade: acabam aumentando o nível usual de ansiedade e suas consequências prejudiciais ao organismo do trabalhador, levando-o a ter maior probabilidade de dificuldades de controle emocional para lidar com as demandas familiares que seriam naturais e, relativamente, simples do cotidiano.

Continua depois da publicidade