Seu Dorvalino Vargas foi o precursor do ofício de barbeiro em Florianópolis. Ele abriu no começo do século passado um salão na rua Ferreira Lima, no Centro da cidade. Quase 100 anos depois, três bisnetos do patriarca levam a profissão como orgulho da família na ponta da tesoura e da navalha. A tradição está no sangue e é passada de pai para filho há quatro gerações. Por isso, neste Dia dos Pais a Hora de Santa Catarina homenageia os Vargas.

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Filho de Dorvalino, seu Indalécio completa 83 anos na próxima terça-feira. Barbeiro já aposentado, ele também ensinou o ofício aos cinco filhos. Um deles, Rudnei Vargas, aprendeu a fazer barba, cabelo e bigode aos 14 anos. Começou em um salão no Mercado Público e peregrinou como empregado por uma década em diversas barbearias da Capital, se aperfeiçoado na profissão.

Em 1989, abriu o salão próprio na Rua Demétrio Ribeiro, onde está até hoje. Os edifícios altos que atualmente tomam a vista da região foram erguidos em volta da Barbearia Vargas, que resiste.

Os jovens Diego Vargas, com 33 anos, Giovani, com 31, e o caçula Kleiton, de 21, receberam a reportagem com um pouco de timidez, mas muita simpatia e bom humor. Os três filhos do seu Rudnei deixaram claro que se orgulham da profissão e se sentem muito felizes em trabalhar com o pai, algo que o velho está careca de saber.

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— Eles não quiseram seguir outra profissão porque eu sempre os incentivei e disse que o emprego estaria garantido para o resto da vida! E com o aluguel pago. Hoje, claro, eles gostam muito do que fazem — garante seu Rudnei.

BARBARIA RAIZ

As novas barbearias “vintage” ou “gourmet“, que se tornaram moda nos últimos anos, nunca fizeram a cabeça dos três. A família Vargas mantém, sim, uma barbearia raiz, sem visual retrô e barbeiros de suspensório. Lá é à moda antiga. E já se vão três gerações de clientes.

— Vamos continuar aqui ajudando o papai! — jura Kleiton, até o último fio de cabelo.

O primogênito Diego é pai de três crianças. O mais velho, o Victor, está com 11 anos. Se considerar que todos na família aprenderam a profissão com 14 anos, falta pouco para o moleque começar na navalha. Seria a quinta geração de barbeiros da Família Vargas?

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— Olha. Se eu tiver que ensinar o neto também, aí é porque chegou a minha hora de parar! — brinca Rudnei, colocando a barba de molho.

Dos filhos para o pai

Diego, Giovani e Kleiton escreveram para a Hora três bilhetinhos sobre como é trabalhar com o pai. E essa singela homenagem o jornal presta ao seu Rudnei neste Dia dos Pais.