O pátio e as salas de aula da Escola Estadual Básica José Arantes, um dos maiores colégios de Camboriú com mais de 1,2 mil alunos, têm ficado vazios mais cedo desde quinta-feira passada. O motivo é a paralisação parcial dos professores do Estado, que estão ministrando apenas 30 minutos de aula por disciplina. Às 10h15 desta quarta-feira, quando as classes ainda deveriam estar cheias, os estudantes foram novamente liberados. Outras seis escolas estaduais em Itajaí, Camboriú e Balneário Camboriú também aderiram a redução de horários.
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Os professores esperam que uma contraproposta para suas reivindicações seja apresentada nesta quinta-feira pelo governador Raimundo Colombo durante assembleia marcada com a categoria – caso contrário, ameaçam fazer greve geral.
O coordenador da regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte) em Itajaí, Gerson Henrique dos Santos, explica que a categoria reivindica a retirada da Assembleia Legislativa da medida provisória que trata sobre a contratação de professores temporários (ACTs). O profissional afirma que a MP prevê que o profissional contratado ganhe menos do que o efetivo, mesmo tendo graduação semelhante.
– Outra reivindicação é sobre o novo plano de carreira, que retira nossos direitos, congela os nossos salários até 2018 e quer a incorporação da regência de classe. Vamos aguardar até quinta-feira para ver a contraproposta do governo – argumenta Santos.
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Melhores condições
Sem se identificar por medo de represálias, um grupo de professores da escola José Arantes disse que a categoria está lutando por seus direitos e por melhores condições de estrutura nas escolas. De acordo com eles, até hoje há turmas no colégio sem professor, além de salas lotadas e sem ventilação adequada, falta de materiais e de equipamentos para a sala de informática.
– As aulas começaram sem vários professores, o curso do magistério, por exemplo, iniciou só depois de 20 dias. O Estado reclama da nossa redução de horas, mas não se importou em ficar todo esse tempo sem contratar os professores para a escola – reclama uma professora.
A Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) informou que até esta quinta-feira sete escolas foram afetadas pelo estado de greve dos professores. A única instituição que paralisou totalmente as atividades foi o colégio Nilton Kucker, em Itajaí. Nas outras seis escolas (José Arantes, Mario Garcia e Maria Terezinha Garcia em Camboriú; Maria da Glória em Balneário Camboriú; e Pedro Paulo Felipe e Dom Afonso Nieuhes em Itajaí) os profissionais estão ministrando aulas de 30 a 45 minutos.
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Do lado de fora
Enquanto as salas da Escola Estadual Básica José Arantes, em Camboriú, estavam vazias na manhã de ontem, do lado de fora estudantes continuavam sentados nas calçadas e escadarias. Alguns esperavam o ônibus para casa, outros que os pais encontrassem tempo para buscá-los.
– Temos que ficar aqui quase duas horas esperando o ônibus. O horário está assim desde semana passada, as aulas são muito rápidas, dá pra ver bem pouca coisa – conta a aluna Emanuelli Oliveira de Souza, do 1º ano do Ensino Médio.
Para a estudante Jéssica Reckelberg Godoy, também do 1º ano, as mudanças têm prejudicado a rotina escolar:
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– Pra gente não é bom, mas pra eles (professores) sim. Eles também têm que buscar seus direitos – defende.
Quem também precisa driblar os reflexos da redução de horários são os pais. Jaime Jalitzki disse, em entrevista a RBSTV, que é complicado para a família encontrar tempo nos afazeres para ir buscar o filho na escola.
– A falta de acordo e seriedade do Governo Estadual implica na falta de qualidade de ensino. Depois os alunos são aprovados a toque de caixa, mas não aprenderam efetivamente. O governador deve estar em outro mundo, é preciso cumprir a valorização dos professores – argumenta.
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